CIASC sob suspeita: Sócio da empresa de Luzerna foi doador de campanha de Jorginho

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Jorginho recebeu doação de um dos donos da empresa de Luzerna – Imagem: Roberto Zacarias / SECOM

Hoje, a coluna divulgou com exclusividade a informação de mais um processo de contratação do Governo do Estado via o Centro de Informática e Automação de Santa Catarina (CIASC), que também tem gerado questionamentos. O processo em andamento é com a empresa Prix Tech, de Luzerna, parceira em uma contratação de quase R$ 200 milhões ao longo dos próximos cinco anos.

A dispensa de licitação, fundamentada em uma brecha da Lei das Estatais que permite a contratação direta em casos de inviabilidade competitiva, tem levantado sérias críticas contra o Governo do Estado devido ao suposto uso do CIASC para favorecimentos.

A empresa Prix Tech, localizada em Luzerna, cidade onde o presidente do CIASC, Moisés Diersmann, já foi prefeito, é a única participante de um chamamento público para o contrato milionário. O vínculo geográfico com Diersmann e o rápido crescimento financeiro da empresa — que saltou de um lucro de R$ 198 mil em 2022 para R$ 1,4 milhão em 2023 — também chama a atenção para o processo. Observadores destacam ainda que o capital social da Prix Tech é de apenas R$ 10 mil, um valor baixo para uma empresa candidata a administrar uma parceria pública de proporções elevadas.

Documentos acessados pelo SCemPauta mostram que entre os sócios da Prix Tech está a empresa PACL22 Consultoria Empresarial Ltda, sediada em Palhoça. A empresa tem como sócio Paulo Armando Carvalho Labarthe, desde 28 de dezembro de 2022. Nesse mesmo ano, alguns meses antes, ele doou para a campanha do então candidato ao Governo do Estado, Jorginho Mello (PL), o valor de R$ 10 mil. Mesmo não sendo expressivo para uma campanha estadual, a doação sugere que Paulo e Jorginho já se conheciam.

Sócios da Prix Tech de Luzerna
Sócio da PacL22

Em relação ao atual presidente do CIASC, Moisés Diersmann, em novembro de 2019, quando ainda era prefeito de Luzerna, no Meio-Oeste, ele fez a seguinte declaração ao site Caco da Rosa, quando a Prix Tech e a própria prefeitura foram finalistas do prêmio Inovação Catarinense Caspar Erich Stemmer, promovido pela Fapesc: “Para nós, uma pequena cidade do Meio-Oeste de Santa Catarina, com aproximadamente seis mil habitantes, ter dois finalistas no Prêmio Stemmer de Inovação, que é o prêmio máximo da inovação catarinense, é motivo de muito orgulho”, destacou Diersmann.

Moisés também afirmou em seguida que a Prix Tech era uma parceria da Administração Municipal, então liderada por ele como prefeito. “Ela tem um software de gestão de saúde que, não tenho dúvida, será referência para o país, não somente para o nosso Estado. Agradecemos aos colaboradores da empresa que realmente desenvolvem algo de muita expressão, algo inovador e que engrandece muito nosso município e a Incubadora Tecnológica”, parabenizou.

A coincidência é que, anos depois, Diersmann preside o Ciasc, que, em um de seus processos de contratação, tem a Prix Tech — empresa anteriormente elogiada por ele devido ao seu software — como a única participante do processo de contratação.

Suspensão

O Centro de Inovação e Automação do Estado de Santa Catarina (CIASC) decidiu suspender o acordo de parceria de telemedicina com a empresa Integra do Piauí, além dos demais processos, que reconhece em nota serem semelhantes, até que o Ministério Público e o Tribunal de Contas do Estado apontem o melhor caminho. A questão é: será que o MP e o TCE servirão de órgãos consultivos, sendo que esse não é o papel dessas entidades?

E a Controladoria-Geral? Qual é o papel desse setor, que deveria orientar o governo?

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