Copom acena com crescimento no ‘médio prazo’ para ajudar no esforço de convencimento fiscal

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A ata do Copom divulgada na manhã desta terça-feira (12/11) reforçou o recado em defesa de medidas fiscais, mas tentou trazer um argumento ao qual o governo é mais sensível para ajudar no esforço de convencimento do presidente Lula. O documento que justificou a alta da taxa Selic em 0,5 ponto porcentual apontou que um controle de gastos pode até ajudar no crescimento econômico, variável-chave da estratégia política do atual governo.

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“Mencionou-se que a redução de crescimento dos gastos, principalmente de forma mais estrutural, pode inclusive ser indutor de crescimento econômico no médio prazo por meio de seu impacto nas condições financeiras, no prêmio de risco e na melhor alocação de recursos”, salienta o colegiado do BC.

Ênfase aqui em duas expressões. A primeira é “redução do crescimento de gastos”, o que evidencia a direção de não se derrubar despesas e sim desacelerar a alta. A outra é o “crescimento econômico no médio prazo”, ainda que o documento não diga o que significa médio prazo, é evidente que o argumento aponta para o ano eleitoral. Em outras palavras, ajustar o gasto agora pode trazer dividendos eleitorais se melhorar o dólar e os juros.

A ata dedicou dois parágrafos grandes para o fiscal. E também inclui uma cobrança não só por melhores resultados e trajetória, mas também por transparência, item que começa a gerar questionamentos por conta de manobras como a ainda não resolvida proposta do Auxílio-Gás.

“Uma política fiscal crível, embasada em regras previsíveis e transparência em seus resultados, em conjunto com a persecução de estratégias fiscais que sinalizem e reforcem o compromisso com o arcabouço fiscal nos próximos anos são importantes elementos para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de riscos dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, diz o texto.

O Copom diz que já tem em suas contas um cenário de redução do ritmo de alta das despesas, algo que é sinalizado se o arcabouço for efetivamente cumprido. O que falta para a autoridade monetária é que o mercado também acredite nisso e desinfle os preços de ativos, sobretudo do dólar, ainda que parte da alta recente em grande medida se deva a fatores internacionais. Para o mercado recuperar a confiança depende do que e de como o governo fará seu anúncio de medidas.

O tempo está correndo e, como sinalizou o ministro Fernando Haddad na noite de segunda-feira (11/11), a tendência é que as medidas saiam nesta semana. A dúvida é se dessa vez ele vai efetivar a expectativa que criou, já que nas duas últimas semanas ele sinalizou e não cumpriu. Mais importante que o momento, porém, serão as medidas em si.

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