Copom faz cobrança explícita por pacote de contenção de gastos

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Ao comunicar a decisão de subir os juros em 0,5 ponto porcentual, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central foi o mais explícito que poderia ser em cobrar o pacote de contenção de gastos do governo.

“O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, com a apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal, contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, diz o texto que informa a decisão.

A autoridade monetária se mostra preocupada com “uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada”. O recado é que sem medidas de corte de gastos, a taxa de câmbio será um vetor de alta de preços e exigirá mais altas de juros.

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O colegiado do BC, ainda sob comando de Roberto Campos, mas com o sucessor Gabriel Galípolo já oficializado e aprovado pelo Senado, tomou decisão unânime pela alta dos juros e pela aceleração da velocidade. Manteve, porém, em aberto os próximos passos e o tamanho do ciclo total de ajustes.

Em uma leitura combinada, o outro recado do BC é que o orçamento total de juros pode ser menos intenso do que o mercado espera se o governo fizer sua parte e entregar medidas razoavelmente críveis para apontar um horizonte melhor para a trajetória da dívida e descomprimir os preços de mercado.

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O governo se fechou nos últimos dias e segue discutindo as medidas. A equipe econômica gostaria de um pacote de corte de gastos da ordem de 0,5% do PIB em contenção de despesas. Se algo entre R$ 30 bilhões e R$ 40 bilhões, um dos cenários possíveis na área técnica, vier, já ajudaria a dar mais credibilidade para o arcabouço fiscal, ainda que o mercado local prefira algo mais forte, na linha original de mais de R$ 50 bilhões.

O Planalto tenta construir um caminho que consiga atender às pressões do setor financeiro com a resistência política da esquerda e do petismo. Interlocutores do governo ainda acreditam que um anúncio nesta semana pode ocorrer. Além das eleições americanas e do Copom nesta quarta, nessa quinta o Federal Reserve, o BC americano, tomará a decisão sobre os juros por lá, que tem repercussões importantes localmente.

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