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No nível da governança e da gestão de agendas temáticas essenciais ao país, é possível observar como determinados impasses, alguns com implicações internacionais, permanecem comprometendo o atendimento eficaz de necessidades graves e urgentes. Falta o “fazer acontecer”, a partir de diagnósticos razoavelmente consensualizados.
No âmbito específico da crise climática global, por exemplo, se abate, sobre a totalidade dos biomas brasileiros, eventos críticos de proporções verdadeiramente dramáticas, com inundações, secas e incêndios escalando ameaças crescentes à biodiversidade natural. Juntos, parecem até mesmo demonstrar uma reação de forte “protesto” da mãe natureza, em sincronia transcendental.
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Neste contexto, a criação de uma Autoridade Climática passa por rotineiro entra e sai da agenda decisória. Realmente, seriam necessárias mais discussão técnicas e políticas sobre a existência de uma Autoridade responsável por informar a decisão, embora saibamos que a não decisão é, também, uma decisão – inclusive, por vezes precedida de um “empurrar com a barriga” que, como nuvem, se desfaz no tempo.
Ponto fundamental é que com ou sem Autoridade Climática no organograma do governo federal, a questão climática, como muitas outras, estão a requerer um grande aprimoramento nas capacidades de coordenação das interdependências requeridas por parte das múltiplas instituições indispensáveis para encarar, em genuína cooperação para a ação eficaz, problemas mais graves.
As complexidades associadas aos problemas globais, em geral, e brasileiros, em particular, estão a requerer altíssimos níveis das especializações distribuídas, assim como em iguais patamares, das capacidades organizacionais para integrá-las. Isto, em múltiplos planos, no individual, no coletivo de equipes distintas, e no interorganizacional e interinstitucional, sempre alcançando respeitáveis níveis de inclusão da cidadania e dos movimentos sociais, partícipes estratégicos e tático-operacionais, além de beneficiários ou vítimas finais das consequências de decisões e ações importantes.
A coordenação intergovernamental das ações entre os entes federais, estaduais e municipais, assim como a harmonia na interação entre os poderes, deve ser buscada com o máximo esforço e competência aplicada, assim como na horizontalidade e na transversalidade das ações levadas a efeito por variados setores e organizações, públicas e privadas, civis e militares, da administração direta e indireta, concessionárias de serviços públicos ou não.
Portanto, a necessidade da formação de redes organizacionais que solucionem problemas complexos, através das ações de organizações direcionadas para objetivos comuns, é imperiosa. Não faltam, entretanto, complicações relacionadas aos fluxos-chave de recursos financeiros e de informações, além de equipamentos, pessoal e serviços.
As organizações tem seus objetivos e interesses próprios, priorizados nos âmbitos de seus ambientes externos diferenciados. Disputam reconhecimento, notoriedade e legitimação. Protegem suas tecnologias, conhecimentos e métodos e são reticentes, quando não resistentes, ao que lhes exige mudanças. São palco do corporativismo incrustado em suas culturas organizacionais e sujeitas a controles externos que tendem ao excessivo em resposta aos muitos abusos, além de sujeitas às irracionalidades das estruturas e processos padronizados próprios ao setor público.
São muitas as manifestações factuais a exigirem melhorias consideráveis das capacidades de formação e manutenção de redes institucionais e organizacionais.
É o que observamos nos casos das enchentes e deslizamentos urbanos, como exemplificou a recente tragédia no Rio Grande do Sul; como requer a crise de energia elétrica na cidade de São Paulo; como desafia as questões de segurança pública, já no nível do crime organizado e dos atos terroristas; e como revelam as questões do desenvolvimento econômico-social sustentável na Amazônia Legal e da defesa e segurança na região, com as particularidades de sua extensa zona fronteiriça.
Na capacidade de coordenação reside o desafio maior para lidar com os problemas que se nos apresentam recorrentemente e de maneira cada vez mais intensa.
Conselhos de governança, dirigentes, executivos e gerentes devem dar maior atenção ao problema e, portanto, “por tanto” serem cobrados.