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Embora esteja cercada de desconfiança desde o início, a gestão do presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Marcio Pochmann, vive um momento particularmente delicado. A criação do IBGE+, uma fundação de direito privado que poderá captar recursos particulares para pesquisas saindo das amarras do setor público, no ano passado, foi o estopim do processo de acirramento de ânimos que, nessa semana, escalou com uma carta aberta de mais de uma centena de servidores em cargos de confiança, na qual são questionados os métodos e a postura de Pochmann.
A despeito disso, é consenso entre as fontes ouvidas pelo JOTA que a postura do atual presidente não representa um risco de manipulação dos dados produzidos pelo órgão, situação que ocorreu, por exemplo, na Argentina em gestões peronistas.
Outra preocupação, com o atraso de divulgações, é um risco que existe, mas os sinais não são de que tendem a se materializar no curto prazo, a despeito da escalada de insatisfação dos funcionários.
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No governo, há uma leitura de que a crise no IBGE deriva de problemas nos dois lados em conflito. Há um reconhecimento de que Pochmann tem errado na falta de diálogo e na postura mais autoritária, na qual toma decisões sem uma negociação efetiva com aqueles que vão executá-la.
Por outro lado, também há uma leitura de que os servidores estão usando a questão do IBGE+ como veículo para desestabilizar o atual presidente por outros incômodos, como a questão da mudança de endereço no Rio de Janeiro e o trabalho remoto.
A visão no governo é que a nova fundação é uma iniciativa positiva, que permitirá a realização de pesquisas em um ambiente de elevada restrição orçamentária, mas cuja condução feita por Pochmann foi errada. Interlocutores apontam que o órgão deve fazer movimentos para deixar claro que as pesquisas financiadas com recursos privados no IBGE+ não perderão seu caráter público, e não poderão ter acesso privilegiado e/ou antecipado.
A questão, explicam fontes, é deixar claro que não se trata de um processo de privatização do que é produzido pelo órgão, e sim de uma maior flexibilidade para captação de recursos que vai acelerar a produção de informação necessária para políticas públicas e para a sociedade de forma geral.
Em entrevista ao JOTA, a ex-presidente do IBGE na gestão petista de Dilma Rousseff, Wasmalia Bivar, criticou a postura de Pochmann na condução do órgão. Para ela, a carta aberta que foi divulgada nessa semana foi produzida por “pilares da instituição” e evidenciam a gravidade da situação de falta de diálogo e postura “ameaçadora” de Pochmann, como se ele fosse a instituição em si.
“As pessoas dali estão, há décadas, trabalhando na instituição. O mínimo que o IBGE pode fazer é ouvir a sua estrutura organizacional. Não trabalhar com a estrutura organizacional do IBGE, não sentar para conversar, é realmente o fim da picada, nunca aconteceu antes. É um fato histórico, institucional, inédito, que os coordenadores de gerência se manifestem contrários, totalmente contrários ao que está acontecendo na instituição”, disse Bivar.
Para ela, é uma “associação torpe” a que foi feita por Pochmann ao dizer que os servidores estão se levantando contra a sua gestão e o IBGE+ por razões corporativas. “Na verdade, o que eles estão dizendo é o seguinte: nada disso foi discutido com a gente”, disse a ex-presidente, mencionando também os episódios da mudança de prédio. “As pessoas são razoáveis, elas vão entender que o IBGE, com problemas orçamentários, vai ter que mudar para algum lugar em que o aluguel seja mais barato. Mas precisa ter uma conversa e não [a postura de] ‘agora a gente vai para o outro lugar e ponto’”, completou.
Bivar avalia que o IBGE+ gera um risco importante em termos de gestão do que é produzido pelo órgão. “As regras do jogo, da gestão, são todas as regras públicas, conhecidas pelos funcionários, etc. Vai entrar uma instituição privada que vai contratar privados, que não são regidos pelo mesmo regime que os funcionários do IBGE, não tem os mesmos compromissos, porque o compromisso é do servidor público, não tem as mesmas limitações. Além disso, tem a questão de estar se financiando projetos privados, como assim, entendeu? O que o IBGE faz é de uso público. O IBGE produz um bem público. Como é que você vende para privados um bem público? Você acha que uma empresa vai estar disposta a financiar um projeto do IBGE que o dado não seja só dela?”, questionou.
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Mas ela deixa claro que não vê hipótese de manipulação de dados na atual gestão. “A prova definitiva de que dados no IBGE não podem ser manipulados foi dada ontem [com a carta dos coordenadores]. Nunca aconteceu isso, nunca na história do IBGE, os coordenadores e gerentes se manifestando contra a gestão… Eles estão colocando os cargos deles todos em risco, obviamente… É preciso anos de formação para que você chegue a ocupar um cargo desse”, salientou.
Bruno Perez, diretor da Associação dos Funcionários do IBGE, também descarta risco de manipulação de dados. “A gente não tem nenhum sinal, nenhuma denúncia no sentido de que exista, atualmente, no IBGE, manipulação de dados, de informações coletadas. Nada nesse sentido, pelo contrário”, disse Perez. “Mas existe uma preocupação de médio e longo prazo, sim, com a autonomia do Instituto, com a fragilidade institucional que está sendo promovida, que pode trazer riscos de médio e longo prazo”, completou, já se referindo à criação do IBGE+.
Perez disse que, mesmo com a escalada da crise interna, a direção do IBGE não se dispõem a discutir os temas que estão gerando atritos com os funcionários.
O líder sindical afirmou que também não está no radar um atraso de divulgações de pesquisas do órgão. “No ano passado, a gente chegou a fazer dois dias de paralisação, depois de uma greve de uma semana… Mas, na época, você teve uma postura muito agressiva por parte da direção, de ameaçar demissões, multas… Eles foram bem explícitos de que se houvesse atraso em qualquer pesquisa, haveria punições severas, inclusive, por meio de uma liminar que eles conseguiram na justiça”, disse.
Perez disse que não tem nenhuma paralisação ou greve marcada, “mas, conforme essa crise se agrava, a gente pode voltar a fazer mobilizações desse tipo”.
Procurados, o IBGE e Pochmann não se pronunciaram.