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A demora em entregar uma resolução mínima para o problema do bloqueio na BR-304 segue causando dores de cabeça para diversos setores da economia potiguar. A via foi interditada no início de abril, quando uma enxurrada derrubou a ponte sobre um rio, na altura do km-203. Inicialmente, o prazo para a finalização de desvio às margens da BR, em um trecho que fica entre Lajes e Caiçara do Rio do Vento, era de 15 dias, mas em razão da continuidade das chuvas na região, o prazo foi adiado. O Dnit informou que vai concluir a implantação do desvio “nos próximos dias”. Já a recuperação da via deve levar até um ano para ser finalizada. Sem solução, a economia arca com os prejuízos.
“Isso tem levado o empresário a alguns sacrifícios em função da competitividade, absorvendo e em alguns casos, reduzindo a própria margem de lucro, para manter a sustentabilidade do negócio. Portanto, o tempo de liberação da obra do desvio da BR-304 poderá ter impactos além de uma provável inflação, com reflexos empresariais de maior repercussão no planejamento das empresas, porque essa situação vai gradativamente reduzindo a capacidade de investimento face a rapidez, a velocidade da inovação tecnológica, com interferência direta no multiplicador de investimentos”, acrescenta Serquiz.
Gilvan Mikelyson Gois, presidente da Associação dos Supermercados do Rio Grande do Norte (Assurn), explicou que os impactos começam com o aumento de custos para a logística e chega às prateleiras, com efeitos nos preços de produtos. Ele comenta no entanto, que não dá para mensurar esses efeitos por causa de inúmeros outros fatores que interferem nos valores dos alimentos, especialmente, como o excesso de chuvas em áreas importantes de produção Brasil afora.
“A questão da BR-304 é um dos fatores de impacto, principalmente para frutas e verduras, mas não é o único. Não estamos com problemas de abastecimento. O que acontece é um tempo mais longo para o produto chegar ao supermercado porque percorre uma distância maior, mas chega. Essa demora em concluir o desvio, para mim, não é surpresa. No setor produtivo, a gente sabe que ações de urgência por parte do poder público, seja no âmbito municipal, estadual ou federal, não combinam com rapidez e agilidade”, diz Mikelyson Góis.
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do RN (Sindipostos-RN), Maxwell Flor, diz que, para o setor de combustíveis, os efeitos vão desde impactos nas vendas dos estabelecimentos localizados no trecho interditado, ao encarecimento do frete para a distribuição em outras regiões do Estado. Ele frisa, no entanto, que o consumidor final não tem sido afetado com aumento de preços, uma vez que a elevação dos custos é absorvida pelos revendedores. “As vendas dos postos ali na região bloqueada caíram drasticamente, cerca de 90%”, afirma.
“Outro reflexo é o aumento dos custos do frete. É bem difícil calcular este impacto porque isso depende de cada posto. Os caminhões que trafegavam por aquela BR migraram para rotas alternativas e, a depender do desvio, a alta com os gastos é diferente para o revendedor, que acabou absorvendo essa conta por questões de competitividade”, completa o presidente. Maxwell Flor diz que torce por uma resolução mínima o quanto antes. “A gente vê com tristeza a inércia e lentidão do Governo em reparar essa estrada, tão importante não somente para o nosso setor, mas para toda a cadeia produtiva do RN”, aponta.
Já para Roberto Serquiz, da FIERN, a lentidão nos serviços da rodovia é algo “incompreensível diante da importância logística”, conforme ele indica. “Sobretudo nesse momento em que estamos buscando o resgate da competitividade para o Rio Grande do Norte. O esperado era que essa obra deveria ser a de maior prioridade junto a todos os entes públicos neste momento – seja na esfera federal ou estadual – até pela influência direta na geração de riquezas, empregabilidade e, consequentemente, na arrecadação do Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)”.