No mundo atual, a percepção das dificuldades não pode mais se dissociar do remanejamento dos quadros funcionais.
Pensando mais a longo prazo, a percepção das dificuldades possibilita uma melhor visão global dos métodos utilizados na avaliação de resultados.

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Assim mesmo, a complexidade dos estudos efetuados ainda não demonstrou convincentemente que vai participar na mudança dos métodos utilizados na avaliação de resultados.

Eletronuclear avalia ser necessário novo marco regulatório para expansão de nucleares

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O presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo, avalia que será necessário um novo marco regulatório para possibilitar a expansão da fonte nuclear no Brasil e cumprir os cenários projetados em estudos de planejamento do setor elétrico para os próximos anos. De acordo com ele, a empresa não tem condições financeiras de realizar os projetos, uma vez que estará focada na extensão de vida útil da usina Angra 1 e nas obras de Angra 3.

Criada em 1997, a Eletronuclear foi constituída para operar e construir usinas termonucleares no Brasil. A empresa é responsável pelas usinas de Angra 1 e 2, que estão em operação, e também pela de Angra 3, cujas obras estão paralisadas.

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Contudo, estudos que traçam o planejamento da expansão da geração de energia no Brasil indicam a necessidade de mais usinas da fonte. Lycurgo explica que o Plano Decenal de Energia 2034 prevê, além da operação de Angra 3, mais uma térmica nuclear de 1 gigawatt (GW). Para além disso, o Plano Nacional de Energia (PNE 2050) prevê mais 8 GW a 10 GW de energia nuclear. Em linhas gerais, segundo ele, os cenários traçados exigiriam em torno de 8 a 10 novas usinas nucleares até 2050.

Em sua avaliação, a mudança na legislação deve passar pela permissão para que a Eletronuclear tenha auxílio da iniciativa privada para “tirar do papel” esses 8 GW a 10 GW de energia nuclear. A defesa é que um novo marco legal possibilite a participação mais ativa de um ente privado nas atividades relacionadas à geração de energia nuclear no Brasil, hoje conduzidas exclusivamente pela Eletronuclear.

“Vai precisar de um novo marco regulatório. A Eletronuclear sozinha não vai dar conta de fazer isso [novas usinas], pois já tem o retrofit de Angra 1 para fazer e o desafio de Angra 3 para entregar. Para terminar Angra 3, segundo estudos divulgados, são R$ 23 bilhões e fazer obra por mais cinco anos. Certamente a envergadura financeira da Eletronuclear vai estar tomada, de certa forma, por Angra 1 e Angra 3”, diz.

Acordo com a União

A empresa de energia nuclear se tornou ponto crucial de uma negociação entre União e Eletrobras no Supremo Tribunal Federal (STF) nos últimos meses. Sobre o tema, Lycurgo avalia como “indiferente” o percentual que cada acionista tem na empresa e afirmou que não tem conhecimento dos termos discutidos entre as partes.

Contudo, ressalta que a Eletrobras, em seu processo de privatização, firmou um acordo de investimentos que a obriga a arcar com parte dos custos das obras de Angra 3.

“Não tomo conhecimento dessas negociações. Não tomo conhecimento de acordo no STF. É indiferente se é 51% da ENBPar e 49% da Eletrobras ou se é 40% da Eletrobras, porque ainda que diminua a participação da Eletrobras, em se mantendo o acordo de investimentos, ela é obrigada a um terço das obras”, afirma.
Angra 3

A discussão sobre o controle acionário da Eletronuclear atravessa outro ponto sensível no governo e para o setor elétrico: a retomada ou não da usina nuclear de Angra 3. A expectativa na empresa é que o tema seja levado ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) em dezembro. Caso haja aval para a retomada das obras, a Eletronuclear trabalha com cronograma de entregar o empreendimento no final do segundo semestre de 2030 ou início de 2031.

“Não trabalhamos com a hipótese [de não ocorrer o CNPE em dezembro], pois tanto o acionista controlador quanto a Eletrobras sabe da necessidade de uma decisão de retomada dessa obra ainda neste ano, até porque não é uma obra nova, é uma obra de 39 anos, que precisa de recursos para fazer frente aos investimentos que estão sendo feitos.”

Mesmo sem funcionar, a usina de Angra 3 tem um custo de cerca de R$ 1 bilhão por ano para a Eletronuclear, considerando os custos com a preservação de equipamentos que estão armazenados, com pessoal ligado à usina e com dívidas de financiamentos tomados pela empresa no passado junto a bancos. “Estamos falando de algo perto de R$ 1 bilhão para a obra ficar parada. A Eletronuclear não tem musculatura financeira para continuar suportando isso.”

*A repórter viajou para Angra dos Reis a convite da Eletronuclear

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