No mundo atual, a percepção das dificuldades não pode mais se dissociar do remanejamento dos quadros funcionais.
Pensando mais a longo prazo, a percepção das dificuldades possibilita uma melhor visão global dos métodos utilizados na avaliação de resultados.

pensamento do dia

Assim mesmo, a complexidade dos estudos efetuados ainda não demonstrou convincentemente que vai participar na mudança dos métodos utilizados na avaliação de resultados.

Empresários e democracia: fortalecendo valores democráticos nas eleições 2024

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As eleições municipais de 2024 já estão a caminho e o cenário político brasileiro se agita, trazendo à tona não apenas debates sobre os rumos da gestão pública, mas também sobre o papel de diferentes atores no fortalecimento da democracia, como os empresários, por exemplo. Mas como esse grupo influencia em nossa democracia? Podemos recorrer à ciência política e à história para responder essa pergunta.

A literatura de ciência política aponta a grande importância dos empresários para que a democracia seja estável em termos institucionais, haja vista que crises econômicas podem ser uma das causas que ameaçam a estabilidade de uma democracia, ao mesmo tempo que sistemas democráticos bem consolidados também garantem mais prosperidade ao deixar o sistema econômico mais previsível. Naturalmente, os empresários possuem um grande interesse na volatilidade econômica, portanto, a democracia, a economia e a atuação dos empresários parecem ter seus futuros entrelaçados.

Além disso, quando falamos sobre cultura democrática, ou seja, o conjunto de valores e normas que nutrem a democracia como um todo, historicamente, segundo o cientista político Robert Dahl, as elites desempenham um papel importante, à medida que a adesão desses valores é realizada por pequenos grupos de atores até se massificarem.

Em relação às elites econômicas, vemos seu grande papel no sucesso ou no fracasso das democracias pelo mundo. Segundo o cientista político Ronald Inglehart, os regimes democráticos dependeram da expansão da burguesia e das modernizações que aconteceram na economia e política em decorrência dessa ascensão.

Quando falamos sobre o Brasil, vemos a importância desse grupo. A pesquisa Mundial de Valores (World Values Survey) de 2017-2020 mostra que boa parte dos brasileiros confia muito mais nas empresas em comparação com outros países. Cerca de 55% dos brasileiros dizem confiar ou confiar muito nas grandes empresas, enquanto no Chile esse dado representa 40% da população e na Alemanha, 22%.

Neste sentido, vemos uma grande oportunidade de atuação das empresas no contexto democrático de nosso país, especialmente porque esse grupo participa da organização social, gerando empregos e tem a capacidade de difundir valores. Afinal, como os brasileiros passam boa parte do seu tempo no trabalho, estudos empíricos mostram que se as empresas incentivarem um clima organizacional democrático, através do fomento ao diálogo, do estabelecimento de mecanismos de participação e da criação de espaços de trocas entre os colaboradores, é possível que a adesão aos valores democráticos, como o próprio diálogo, a tolerância, e a colaboração, aumentem entre a população.

Diante dessa grande capacidade do empresariado brasileiro, o Instituto Sivis e a Fundação Tide de Setúbal resolveram investigar a situação desse grupo em relação aos valores democráticos. De maneira geral, temos empresários preocupados com a democracia? Quais são suas percepções e atitudes?

A pesquisa mostra resultados interessantes a respeito de parte do empresariado nacional. Os dados mostram que os empresários, de forma geral, têm competências cívicas mais consolidadas que o restante da população. Ao passo que possuem maior interesse pela política, tolerância, disposição ao diálogo e um maior apoio à democracia, 91% do empresariado concorda ou concorda muito que a democracia é preferível a outras formas de governo. Além disso, boa parte do empresariado acredita que a pauta de compliance e anticorrupção devem ser priorizadas quando se trata do ESG.

Outras observações interessantes trazidas pela pesquisa surgem quando realizamos uma caracterização sociodemográfica: por exemplo, é notável que, quanto maior a escolaridade, melhor é o desempenho nas competências cívicas. Além disso, o empresariado jovem tende a relativizar menos a democracia em relação ao empresariado mais velho, pois discorda mais da afirmação “Quando o país está enfrentando dificuldades é justificável que o presidente da República feche o Congresso e governe sozinho” (76,4% discordam ou discordam muito).

Dessa maneira, embora a pesquisa não represente a opinião total dos empresários no Brasil, podemos perceber que esse grupo possui valores democráticos mais consolidados. Isso pode nos indicar um caminho de ação para o fortalecimento da democracia. As empresas agem no âmbito local e profissional dos brasileiros e, como dissemos, podem fomentar valores democráticos que incentivem seus colaboradores a serem bons cidadãos, incentivando-os na busca pelo diálogo, dando oportunidades de participação, entre outros.

A capacidade de uma empresa de promover uma maior participação política e social de seus colaboradores por meio de uma cultura organizacional democrática tem impacto direto nas eleições municipais. Esse impacto é relevante porque uma democracia bem fortalecida depende não apenas das instituições democráticas e dos cidadãos no momento de votar, mas também do papel ativo de todos os atores e organizações na promoção de uma cultura democrática.

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