No mundo atual, a percepção das dificuldades não pode mais se dissociar do remanejamento dos quadros funcionais.
Pensando mais a longo prazo, a percepção das dificuldades possibilita uma melhor visão global dos métodos utilizados na avaliação de resultados.

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Assim mesmo, a complexidade dos estudos efetuados ainda não demonstrou convincentemente que vai participar na mudança dos métodos utilizados na avaliação de resultados.

Enquanto dólar e juros disparam, parte do governo defende postura mais apaziguadora

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No dia em que o dólar renovou máximas históricas e quase chegou a R$ 6,30, o governo oscilava entre um certo inconformismo com os movimentos do mercado financeiro e a análise do que mais precisaria ser feito para tentar reverter a total perda de referência de preços.

No Congresso também há uma percepção de que, a despeito da desconfiança sobre a postura fiscal do governo, não há razoabilidade nos atuais níveis da taxa de câmbio e do juro futuro, que pioraram mesmo após intervenções do Banco Central e do Tesouro nos mercados nos últimos dias.

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O governo entende que, com o pacote fiscal, avançou na direção que o mercado apontava, dentro de seus limites políticos e tendo que equilibrar diversos pratos ao mesmo tempo. Porém, além da surpresa de anunciar a isenção e a reforma do IR ao mesmo tempo — um erro de comunicação econômica, mas uma deliberada estratégia de desviar o foco político das medidas impopulares —, também está claro que as medidas foram consideradas insuficientes para dar mais clareza sobre a trajetória da dívida.

É verdade que ninguém razoável considera que o governo brasileiro conseguiria produzir um superávit primário capaz de estabilizar a relação dívida/PIB no próximo ano, muito menos em 2026, um ano eleitoral. Um saldo positivo nas contas públicas superior a 2% do PIB em prazo tão curto de tempo não teria nem respaldo do Congresso, mesmo esse de maioria conservadora, e muito menos da população.

Mas há uma situação de desconforto no mundo financeiro que o governo parece menos preocupado em compreender e mais em contestar e polarizar, como ficou claro na entrevista do presidente Lula no último domingo e na postura de boa parte do governo de rotular os movimentos de ataque especulativo.

Parte do Executivo, nesse contexto, enxerga nisso um problema mais de comunicação do governo do que de política fiscal. Argumenta que o momento requer um discurso mais apaziguador, reconhecendo que há um problema fiscal a ser endereçado e que provavelmente será preciso fazer mais do que as medidas anunciadas, que são, sim, um passo relevante na direção de estabilização da dívida, mas que deve ser olhado à luz de um processo democrático.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já está nessa modulação, embora também esteja falando em “movimentos especulativos”, numa oitava abaixo do petismo e do presidente Lula.

O desafio de curtíssimo prazo está sendo superado, com o avanço, mesmo que com alguma desidratação, das medidas no Congresso, processo que deve ser concluído até o fim da semana.

Mas ainda é preciso, na visão de quem enxerga um desafio de mudar a comunicação do governo, um discurso mais uníssono de que o esforço fiscal vai continuar e terá novos passos, sem medidas do tipo “bala de prata” (mercado pode esquecer de desindexação do salário mínimo), mas que se movem na direção da sustentabilidade fiscal.

Se o governo conseguir apaziguar os ânimos e alinhar o discurso geral, a leitura desse grupo é de que a sensação de erro de diagnóstico que o mercado tem experimentado vai diminuir e as políticas econômicas em curso, seja a perseguição das metas fiscais e do arcabouço, seja o combate à inflação, terão eficácia e a anormalidade de preços será revertida.

Em um ambiente internacional que após o anúncio de hoje do Federal Reserve ficou ainda mais inóspito, o governo será ainda mais exigido. Claramente a estratégia atual não está dando certo e pode causar danos duradouros. Mas fica a dúvida sobre se o governo vai rever sua postura ou se vai reforçar a estratégia de enfrentamento político.

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