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O conselheiro do TCE-RJ (Tribunal de Contas do Rio de Janeiro) Domingos Brazão afirmou nesta terça-feira (22) que “preferia ter morrido no lugar da vereadora Marielle Franco”. A declaração foi dada em interrogatório no STF (Supremo Tribunal Federal). A corte toma o depoimento nesta semana dos cinco réus acusados de serem os mandantes da morte da parlamentar.
Também no depoimento, Domingos disse que o policial Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle, “está nos enterrando vivos”. No interrogatório, ele disse, ainda, que nunca viu Ronnie Lessa. Na segunda-feira, o irmão dele, o deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), também disse que não conhecia Lessa.
“Nunca vi Ronnie Lessa. A primeira vez que vi Ronnie Lessa foi no IML, na televisão, pela imprensa”, afirmou Domingos. O interrogatório foi feito por videoconferência, dentro do processo que investiga os assassinatos da vereadora e do motorista dela, Anderson Gomes, em 2018.
Além de Domingos, o deputado Chiquinho Brazão já foi ouvido. Ainda serão interrogados o delegado da Polícia Civil Rivaldo Barbosa; o major Ronald Paulo Pereira; e o policial militar Robson Calixto Fonseca.
Depoimento de Chiquinho Brazão
No interrogatório, Chiquinho Brazão disse que “quando houve o crime em si, o meu irmão comentou: ‘O que tão sério fez essa jovem para um crime tão grave?’”.
Segundo Chiquinho, Domingos “não conhecia, não sabia da existência dela [Marielle]”. Chiquinho ainda ressaltou que tinha excelente relação com Marielle e que ela era “muito amável”. Além disso, o deputado chorou quando viu familiares.
Em agosto, na primeira rodada de depoimentos, a jornalista Fernanda Chaves, que trabalhava como assessora da vereadora e estava no mesmo carro no dia do crime, afirmou que não foi atingida pelos disparos de arma de fogo porque Marielle foi o “escudo” dela.
Durante a audiência, a ex-assessora da vereadora também falou dos momentos que antecederam os disparos que mataram Marielle e Anderson.
“Ele [Anderson] estava desacelerando para pegar um sinal. Alguma coisa que o carro estava bem devagar. O Anderson era uma pessoa que dirigia muito suave, então não tinha muito solavanco, ele geralmente estava devagar. E num determinado momento, eu senti a rajada, rajada de tiros, muito curta. Era muito perceptível para mim, embora eu estivesse olhando para baixo, que aquilo era uma coisa que vinha de perto, era uma coisa próxima. Mas, enfim, eu no primeiro momento, eu me encolhi, me abaixei. Eu me enrolei, me abaixei, percebi o corpo da Marielle, eu estava muito próxima a ela, então eu percebi um pouco o peso do corpo, eu estava no chão, mas eu percebia um pouco o peso dela vindo para cima de mim”, disse.
Análise do STF
Em junho, por unanimidade, a Primeira Turma do STF tornou réus os cinco principais suspeitos de terem planejado o assassinato de Marielle.
Prevaleceu o voto do relator da ação, ministro Alexandre de Moraes. Ele disse haver vários indícios de elementos que solidificam as afirmações feitas na delação premiada de Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora. Moraes apontou que a denúncia está fundamentada em diversos materiais investigativos que comprovam as informações apresentadas pela PGR (Procuradoria-Geral da República).
Com Portal Correio