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O curto-circuito diplomático entre Colômbia e Estados Unidos deste fim de semana é apenas o primeiro de muitos que assistiremos daqui por diante. A era Trump 2.0 será marcada por intimidação. Blefes não são incomuns na política externa.
O problema é que, dada a imprevisibilidade do personagem, de seu entorno, e da musculatura da maior economia do mundo, permanecerá no ar a dúvida sobre se tratar apenas de blefe intimidatório ou de risco real. Cada novo episódio terá a sua dose de eletricidade. Isso explica a reação cautelosa de países como Brasil, que vêm procurando manter-se abaixo do radar nos primeiros dias da nova administração da Casa Branca.
O governo brasileiro tem “rodado cenários possíveis”, como admitiram fontes ao JOTA, mas para consumo interno. Abri-los neste ponto é mostrar as cartas sem ver as do oponente. Reagir antes da hora pode entregar desnecessariamente o jogo. A estratégia tem sido a do “pagar para ver”. É isso o que tem feito a União Europeia (UE). O bloco tem reagido com extremo cuidado às provocações do americano, enquanto corre para fechar acordos comerciais com outras partes do mundo.
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Em 2006, o então diretor-geral da Organização Mundial de Comércio (OMC), Pascal Lamy, me disse em entrevista em Bruxelas que as negociações comerciais entre o Mercosul e União Europeia (UE) eram como uma partida de strip poker, em que era preciso evitar piscar primeiro para manter as roupas. O acordo só foi sair no final do ano passado. A imagem não é das mais elegantes, mas é sinal dos novos tempos.
No Fórum Econômico Mundial de Davos, na semana passada, a diretora-geral da OMC, Ngozi Iweala-Okonjo, afirmou que os países-membros da organização devem se manter calmos, evitar excessos e não fazer “toma lá dá cá”, ao referir-se às ameaças americanas do momento, e ela tem sua dose de razão. O que aconteceu com a Colômbia, e pode estar por acontecer com México e Canadá, não é muito diferente do que se vê com a China. Durante a campanha eleitoral, um Trump agressivo falava em tarifas de 60% a todos os produtos importados por americanos do Império do Meio. Após a posse, a ameaça não passava de 10% dos quais pouco se falam neste momento. A última notícia era a de que as duas maiores economias do mundo estavam interessadas em um acordo comercial bom para os dois lados.
Tudo isso para dizer que a ansiedade de investidores e mercados é natural. Mas é preciso esperar para ver quem pisca primeiro. A crise das deportações afeta em cheio a América Latina. O caso da Colômbia foi dado como resolvido num primeiro momento. O caso do México ainda não teve resposta (EUA ficaram de manifestar-se à recusa do vizinho de receber deportados) e o Brasil tomou satisfação pelos seus, que foram devolvidos acorrentados.
Os países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), bloco regional intergovernamental composto por 33 países, convocaram reunião de emergência para esta semana. Será mais uma etapa na disputa retórica, e a declaração que virá do encontro certamente será costurada com a devida cautela. O secretário de Estado americano, Marco Rubio, sai em périplo por cinco países da América Central, entre eles o Panamá. A viagem deve dar outros sinais sobre o tratamento e eventuais novas ameaças à região.
Trump já mostrou que os blefes tarifários são carta de que pretende lançar sempre que achar necessário para torcer o braço de aliados, ou não. Em geral, daqueles que lhe parecem mais fracos. Mas é preciso lembrar que a China, que segue em tratativas com Washington e mostrou certa boa vontade para fechar um acordo, é presença cada vez mais importante nas Américas. Na Colômbia, no México, no Panamá, no Brasil. Por toda parte. Tudo isso deve ser colocado na conta.
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Sobre “tarifa”, palavra que já disse estar entre as suas preferidas, a estratégia de anunciar percentuais aleatórios segue uma lógica própria de Trump. Para a Colômbia, no final de semana, falou em 25% que poderiam chegar a 50% em uma semana. Normalmente, ele não poderia fazer isso, mas sua base legal é supostamente a “segurança nacional” (artigo XXI do GATT). O artigo dá bastante latitude (ainda que não seja necessariamente carta branca, como já decidiu a própria OMC numa disputa envolvendo a Rússia e a Ucrânia).
Com base na segurança nacional, ele pode perfurar os tetos consolidados em tarifas (limite máximo das alíquotas). Quanto a prazos, não há restrição nem mesmo para casos tradicionais de alteração tarifária (ou seja, quando um país atua dentro dos seus limites consolidados, dentro dos seus compromissos legais). Ainda com base na segurança nacional, o aumento pode se aplicar a apenas um outro país. Porque a regra é que as alterações se aplicam a todos (cláusula da nação mais favorecida).
“Mas este é o mundo das exceções — e da mais generosa delas, a de segurança nacional”, disse ao JOTA um especialista baseado na Europa que se debruça sobre o tema há anos.