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O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, defendeu uma postura mais contida da política fiscal nesse início de ano e disse que isso já está acontecendo, com uma execução referenciada em 1/18 do orçamento, em vez dos tradicionais 1/12 enquanto não se tem orçamento aprovado. “Acho que faz sentido ser mais contracionista para acelerar o processo de desaceleração da demanda”, disse Ceron.
Segundo ele, é preciso harmonizar o fiscal com o monetário para reduzir a inflação mais rapidamente e, com isso, reverter mais rapidamente a alta da taxa de juros, que está em curso pelo Banco Central (BC). “Quanto mais harmônico menor vai ser o ciclo, o que podemos fazer é apoiar o BC”, postulou.
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Outra sinalização importante de Ceron é que se deve evitar a antecipação de gastos como foi feito no ano passado. Além disso, o secretário enfatizou que a gestão vai mirar em um resultado primário efetivo melhor do que os 0,36% do PIB verificados em 2024 e que foram divulgados nesta quinta (30/1).
O secretário pontuou que o próprio mercado já vê um resultado primário mais alinhado com a meta deste ano e defendeu tanto o arcabouço fiscal vigente como os resultados econômicos e fiscais do país, com números muito melhores do que o antecipado pelo mercado.
Sua própria fala, porém, mostra porque o governo muitas vezes patina no processo de ancoragem de expectativas e credibilidade junto ao mercado. Ceron admitiu a execução fiscal contida, mas esse anúncio não foi feito em nenhum momento, evitando ganhos de credibilidade para o governo. Provavelmente isso não foi feito porque a gestão Lula está sempre transitando no gelo fino de tentar fazer um fiscal moderado com as pressões por gastos de sua base política, especialmente o PT.
Outro ponto que revela a dificuldade de coordenação de expectativas é que Ceron não apresentou um cenário de estabilização da dívida com o novo quadro de juros mais altos. Disse apenas que será recalculado e lembrou que o anterior considerava em 2028 uma estabilização (mas aquele cenário não só não continha o choque monetário em curso como também tinha premissas de juros muito baixos no longo prazo).
Seja como for, é um bom sinal o acúmulo de declarações do governo de maior comprometimento com a responsabilidade fiscal e com a necessidade de acomodar o ritmo de expansão fiscal para trazer a inflação de volta às metas e permitir ao BC baixar os juros mais à frente.