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EUA e China seguirão estratégias diferentes na guerra fria 2.0. Isso começa a ficar claro no capítulo comercial que se inicia. Enquanto outros países recuaram diante das primeiras ameaças de Washington, Pequim respondeu com virulência e precisão. Nada de tarifas generalizadas, ou decisões tomadas por impulso. O que está ali foi objeto de estudos prévios.
Nesta terça-feira (4/2), o governo chinês listou um pacote de medidas retaliatórias pontuais. Avisou que aplicará os percentuais de 10% a 15% sobre produtos americanos específicos. Petróleo e máquinas agrícolas na primeira faixa (o que afeta Caterpillar, Deere & Co e AGCO, pequeno número de picapes e sedãs com motores grandes importados dos EUA e até a Cybertruck, da Tesla de Elon Musk, que aguarda a liberação regulatória para iniciar as vendas em território chinês). Carvão e GNL, na segunda. O país ainda restringirá exportações de minerais críticos e abrirá investigação anti-monopólio contra a gigante Google.
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Em outra frente, o Ministério do Comércio chinês colocou a PVH Corp, a holding de marcas como Calvin Klein e Tommy Hilfiger, e a empresa de biotecnologia Illumina em uma lista de “entidades não confiáveis”, o que pode se traduzir em futura aplicação de multas e outras sanções, como congelamento do comércio e revogação de permissões de trabalho para funcionários estrangeiros.
Os chineses também vão levar o caso das tarifas americanas à Organização Mundial de Comércio (OMC). Esta medida em especial não deve ter efeitos práticos, dado o enfraquecimento do organismo. Mas é outro sinal político forte. Acena para caminho institucional, o que se contrapõe às decisões por impulso tomadas nos últimos dias pela nova administração de Donald Trump, em diversas áreas. Há alguns anos, por sinal, Pequim criou um exército de especialistas em processos de defesa comercial para operar na OMC. Neste meio tempo, os EUA têm, sistematicamente, bloqueado o órgão de apelação da instituição.
As duas maiores economias do mundo medem forças. Dada a imprevisibilidade do cenário, é cedo para entender até onde vai a disposição de se enfrentarem. Dias atrás, ambos sinalizavam com a possibilidade de um acordo, o que não está descartado. Aconteceu com outras nações. Na segunda-feira, México (pela manhã) e Canadá (no início da noite) sinalizaram que aceitariam as condições impostas pelos americanos para chegar a um acordo. As tarifas de 25% que incidiriam sobre os produtos foram suspensas pelo período de um mês. Dias antes, a Colômbia também chegou a acordo com os americanos após crise de deportações.
Todos sabem que a disputa entre EUA e China terá efeitos em cascata, com impacto sobre o comércio global e, claro, por tabela, sobre o crescimento econômico internacional como um todo. Em 2022, os EUA tinham uma fatia de 16,1% do comércio global. A China, 19,7%.
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No Brasil, preocupam os efeitos sobre o cenário econômico internacional, sobretudo em ano pré-eleitoral. Mas não é só isso. É preciso saber para onde irão os produtos chineses que não embarcarem para os EUA, o que pode afetar em cheio o mercado doméstico e a indústria nacional. Ao JOTA, interlocutores do governo admitiram que existe o “risco possível” de mais demanda por defesa comercial, se ficar comprovado o que se chama no jargão do setor “desvio de comércio”. Ou seja, se esses produtos vierem parar no Brasil. O decreto presidencial assinado por Donald Trump com a tarifa de 10% sobre produtos chineses afeta, entre outros, o e-commerce. Acaba com a isenção dos pequenos envios para o mercado americano pela Shein, Temu e outras (que movimentaram cerca de US$ 230 bilhões por ano entre 2018 e 2021, de acordo com o jornal South China Morning Post). Analistas chineses vêm mais danos sobre o consumidor nos EUA, que vai pagar mais do que propriamente sobre os resultados das empresas chinesas. Mas é a repetição do caso das blusinhas.
Desde o início do terceiro mandato do presidente Lula, o governo brasileiro mostra-se mais disposto a acatar processos de defesa comercial. O país voltou a aplicar, por exemplo, o direito provisório. Um processo anti-dumping costuma durar de 12 a 18 meses (14 meses, em geral). A aplicação de medidas de direito provisório pode levar seis meses, o que já garantiria proteção aos setores afetados.
“O direito provisório havia sido aplicado uma única vez pelo governo brasileiro nos últimos cinco anos, mas voltou ser utilizado para proteger a indústria doméstica, pois uma investigação antidumping é naturalmente longa. Isto porque, é necessário respeitar o contraditório, prazos legais e a realização de verificações de dados nas empresas exportadoras. O direito provisório é aplicado para evitar que o dano à indústria doméstica se agrave durante a investigação”, explicou ao JOTA a especialista Carol Monteiro de Carvalho, sócia do escritório MW Trade.
Montadoras com fábricas brasileiras já avisaram que vão entrar com pedido de investigação de prática de dumping contra as chinesas produtoras de carros elétricos. Os números de investigações iniciadas e as medidas aplicadas no Brasil têm crescido desde 2023. E a tendência é que aumentem ainda mais. Estamos falando de processos que acompanham outros abertos em outros países (como é o caso de cabos de fibra ótica), ou novos que sejam desencadeados pela própria indústria nacional ao sentir-se ameaçada pelas exportações chinesas.
Para além dos impactos sobre câmbio, inflação e juros internacionais, a queda de braço entre as maiores economias do mundo deve desencadear uma série de disputas setoriais e um grande salve-se quem puder contra todos os produtos chineses que começam a enfrentar cada vez mais barreiras mundo afora e precisam encontrar destino.