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Nove em cada dez indústrias do Rio Grande do Sul foram afetadas pelas enchentes e levarão, pelo menos, três anos para se recuperar. A estimativa é da Federação das Indústrias do estado (Fiergs).
Muitas empresas estão embaixo da água sem saber o tamanho do prejuízo e aquelas que não foram atingidas pelas águas enfrentam problemas para operar porque não conseguem receber nem insumos, nem matéria-prima para continuar trabalhando e não conseguem escoar sua produção porque a nossa malha viária do estado simplesmente desapareceu, explicou à CNN o presidente em exercício da federação, Arildo Bennech Oliveira.
Diante da situação, representantes da entidade entregaram ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), um documento com uma série de reivindicações para ajudar o setor. Na última sexta-feira (17), o grupo também esteve com o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB).
Nós somos a quarta economia do país e temos 6% do PIB [Produto Interno Bruto] Industrial do Brasil. É um estado importante para a federação e nós estamos precisando de ajuda para poder passar por esse momento, completou o presidente da federação.
Na lista de pedidos, estão: a desburocratização dos processos de ajuda, a anistia ou prorrogação de impostos, além de linhas de crédito para reconstrução das indústrias.
Também foi solicitado que o governo federal institua um programa emergencial de manutenção de emprego e renda, nos moldes do que ocorreu durante a pandemia de Covid-19.
[Estamos com] todo o empenho para a gente, rapidamente, recuperar a atividade da indústria e manter o emprego na região. Foi colocado a questão do crédito e o presidente Lula tem falado que não faltarão recursos para ajudar a recuperar o Rio Grande do Sul. Já conversamos com o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] e vamos conversar com a Fazenda. Há que se definir a questão dos juros, fundo garantidor e as linhas de crédito, que devem ser para tudo, desde capital de giro, recomposição de máquinas, equipamentos, enfim toda a área de reconstrução, afirmou Alckmin após o encontro.
Segundo o levantamento realizado pela Fiergs, as atividades industriais mais afetadas são a do Vale dos Sinos, a da região metropolitana e a Serra Gaúcha.
Se for levado em consideração o valor adicionado bruto (VAB), que é o resultado da diferença entre o valor da produção e o consumo intermediário, a região mais afetada é a metropolitana, que tem VAB de R$ 108 bilhões. Em seguida aparecem o Vale do Sinos, com R$ 65 bilhões, e a Serra Gaúcha, com R$ 47 bilhões de VAB.
A região metropolitana possui 8 mil indústrias, que totalizam 128 mil empregos, com foco na produção de veículos, autopeças, derivados do petróleo e alimentos. No Vale dos Sinos, o foco é a fabricação de calçados. E na região da serra, o de móveis.
Arrecadação
Quanto às exportações, apenas da Indústria de Transformação em cidades potencialmente afetadas, se destacam as regiões Sul, com 3,7 bilhões de dólares; metropolitana, com 3,2 bilhões de dólares; central, com 3,1 bilhões de dólares, e planalto, com 2,7 bilhões de dólares.
Em relação à arrecadação de ICMS, as regiões com maior impacto potencial em estabelecimentos industriais são Vale dos Sinos, com um total de R$ 5,3 bilhões, Serra, R$ 3,5 bilhões, e metropolitana, R$ 3,1 bilhões.