Legado familiar e sustentabilidade: a trajetória do produtor de soja que seguiu os passos do pai

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Foto: Charles Peeters

Há cerca de um mês, os produtores de soja em Goiás puderam iniciar o plantio no estado. Charles Peeters, agrônomo e proprietário de uma fazenda entre Montividiu e Caiapônia, possui 17 anos de experiência na produção agrícola. Ele compartilha com o Soja Brasil sua visão sobre os desafios e oportunidades que caracterizam a safra atual.

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Legado e plantio

O pai de Charles foi um dos pioneiros na adoção do plantio direto e da integração lavoura-pecuária na região. Hoje, o produtor mantém e promove essas práticas em sua propriedade. “O plantio direto já é uma realidade na nossa propriedade há 35 anos. Isso nos trouxe produtividade e a possibilidade de cuidar melhor do solo”, destaca.

Além disso, a propriedade é privilegiada por um clima e uma altitude que permitem a produção de duas safras por ano, englobando tanto soja quanto milho. No entanto, a temporada atual traz desafios. Embora a janela de plantio tenha sido aberta em 25 de setembro, Charles iniciou suas atividades apenas em 12 de outubro, enfrentando um atraso de 15 a 20 dias em comparação ao ano passado.

“Estamos com cerca de 50% da área de soja plantada. O clima tem sido um fator crítico, pois o plantio depende de chuvas adequadas”, afirma Charles, enfatizando a importância de uma abordagem cautelosa diante das incertezas climáticas.

E referente às práticas sustentáveis?

Peeters adota práticas agrícolas que demonstram seu compromisso com a sustentabilidade, como a implantação de um sistema de rotação de culturas e utiliza plantas de cobertura, além de integrar a pecuária em sua produção.

“Essa diversidade ajuda a manter a saúde do solo, tanto do ponto de vista químico, físico e biológico, aumentando a resiliência da propriedade frente a estresses hídricos e altas temperaturas”, explica.

Além disso, a abordagem também se baseia na agricultura regenerativa, que busca restaurar e melhorar a saúde do solo, promovendo a biodiversidade e a ciclagem de nutrientes.

A tecnologia digital é outra aliada na gestão da propriedade. Charles utiliza ferramentas e estações meteorológicas que facilitam a coleta e análise de dados. No entanto, ele observa que, apesar de acumular informações valiosas, as decisões nem sempre são tomadas com base nesses dados. “Estamos em constante evolução, mas ainda há um caminho a percorrer em termos de análise e aplicação de informações”, comenta.

Desafios

Os principais desafios enfrentados por ele incluem pragas e doenças de solo, como nematoides e fusário, que limitam a produtividade. “Buscamos sempre bater novos recordes de produtividade, mas precisamos saber gerenciar bem o uso de biológicos e produtos no solo”, ressalta. A combinação de práticas de manejo com um foco na saúde das lavouras ajuda a manter uma produção saudável.

Os riscos climáticos e o perfil do solo também são fatores críticos. O agrônomo realiza perfis de solo em profundidade e aplica correções, como calcário e gesso, para garantir um solo equilibrado. “Buscamos zerar o alumínio e ter um solo bem corrigido até um metro de profundidade, o que nos ajuda a gerenciar melhor os estresses climáticos”, explica.

“Estamos em um período de chuvas satisfatórias, e o capricho no plantio é fundamental. É preciso garantir qualidade na distribuição das sementes para uma lavoura uniforme e bem estabelecida”, completa.

Ele destaca que, apesar do uso de tecnologias e dados, a agricultura básica continua sendo fundamental. “Fazer o arroz com feijão bem feito, aplicar na hora certa, minimizar perdas e garantir uma operação eficiente são essenciais para o sucesso”, afirma Charles. Ele enfatiza ainda que a manutenção preventiva das máquinas e a eficiência operacional são importantes para evitar prejuízos no campo.

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