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Embora lidere muitas pesquisas para prefeito de Curitiba, o deputado estadual Ney Leprevost (União Brasil) sofreu um baque atrás do outro nos últimos meses. Mesmo assim, se mantém forte na intenção de votos para as Eleições Municipais 2024 e garante que não vai repetir 2020, quando aceitou os apelos do governador Ratinho Junior e retirou a candidatura.
Desde janeiro, Leprevost viu seu partido preferir a adesão a uma candidatura da base do prefeito Rafael Greca (PSD) e depois, quando ele bateu o pé para ser candidato, perder na janela partidária todos os vereadores que elegeu. Alas do União Brasil então começaram a cogitar a candidatura de Rosângela Moro, deputada federal que transferiu seu domicílio de São Paulo de volta ao Paraná, tendo como plano A a possível disputa da vaga do marido, Sérgio Moro, alvo de contestação judicial.
Com críticas firmes ao candidato de Greca e Ratinho ao governo, o vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD), Leprevost afasta as chances de uma adesão ao preferido das máquinas e se apresenta como uma alternativa segura e experiente ao eleitorado conservador da cidade. Ele destaca sua votação consistente na cidade e o trabalho na Assembleia e como secretário de Ratinho. Com isso, espera atrair no segundo turno os demais partidos de direita para enfrentar o adversário dos sonhos, um esquerdista.
Na semana da janela partidária, quando os outros pré-candidatos estavam montando chapa e buscando apoio, o senhor estava em viagem a Roma. Por que viajar na semana da janela partidária? O senhor é realmente candidato?
Sou candidato. Sou pré-candidatíssimo. A viagem já estava marcada há muito tempo. Eu não tinha preocupação nenhuma com a construção da nossa chapa aqui. Já estava tudo bem encaminhado. Deixei tudo bem encaminhado antes de viajar. Na verdade, sobraram pré-candidatos. Não tivemos como acolher todos que queriam entrar na União Brasil para disputar a eleição de vereador. Os que não foi possível colocar na União Brasil, colocamos na Democracia Cristã, que vai estar aliada conosco. E, no meu entendimento, a gente não podia entrar no leilão que começou a ser feito na janela partidária. Então, até achei positiva essa coincidência de eu não estar aqui, porque percebi que o candidato da máquina pública municipal desencadeou um leilão de vereadores e pré-candidatos a vereadores, cada um indo conversar com os mais diversos partidos e pedindo, desde já, fundo partidário e eleitoral. E nós não queríamos entrar nisso. Então, as pessoas que vieram conosco foi porque realmente acreditam no nosso projeto para Curitiba. Nós entendemos que Curitiba hoje tem uma gestão que tem suas qualidades e seus defeitos, mas que Curitiba pode mais, pode muito mais. E é isso que nós vamos oferecer para a cidade.
Se houve um leilão, o senhor não ganhou, porque, se sobraram candidatos, faltaram vereadores. Houve uma debandada do União Brasil. A que o senhor reputa isso? Apenas ao peso da máquina ou a uma expectativa de vitória do candidato Pimentel?
Não é que eu não ganhei o leilão. Eu não quis participar do leilão. O União Brasil não participou do leilão. E os vereadores que saíram da União Brasil foram avisados por nós que teriam que sair se quisessem continuar na base do prefeito. E continuaram. A maioria deles tem cargos na prefeitura, tem compromissos com a atual gestão. Nós entendemos isso, desejamos a eles boa sorte, mas nós desde o início queríamos montar uma chapa com novos candidatos, com novos nomes. O partido, por um ato de benevolência do presidente estadual, do Felipe Francischini, fez uma única exceção para o meu irmão, o vereador Alexandre Leprevost [se filiar ao União]. A nossa intenção desde o começo era fazer uma chapa com gente que ainda não era vereador. Uma chapa mais competitiva. A presença de vereadores já eleitos estava espantando novos candidatos que nós queríamos trazer para o partido. E com a saída deles nós conseguimos trazer.
Então o senhor falou agora sobre exigir que saíssem da base do prefeito. Qual é a principal crítica que o senhor faz à atual administração? E qual é a sua proposta para resolver esse problema?
A principal crítica que eu faço à atual administração é na área de saúde pública. Hoje nós temos uma fila de mais de 206 mil consultas e exames que estão parados, que não são marcados. Estamos com as UTIs dos hospitais da rede pública municipal lotadas. Nas UPAs, as pessoas chegam a esperar mais de 6 horas por um atendimento de emergência. E isso tudo é falta de planejamento, de previdência e de dedicação da atual gestão municipal. Então nós vamos priorizar a saúde pública, inclusive canalizando mais recursos, contratando mais médicos, mais enfermeiros, mais profissionais de saúde. Nós teremos uma grande luta nos dois primeiros anos de gestão para recuperar a saúde pública do sucateamento que foi imposto pelo atual prefeito. Em outras áreas eu tenho elogios também a fazer ao prefeito. Eu acho que ele é um bom divulgador da cidade, ele é um prefeito animado, ele é um prefeito que embelezou alguns locais da cidade que a gestão anterior a ele tinha deixado um tanto mal cuidados. Ele tem seus méritos também, mas na área de saúde, infelizmente, a gestão vem a cada dia tornando-se menos eficiente.
Para aprofundar mais este ponto: qual é a decisão, a escolha administrativa e política que faz a cidade estar com problemas de saúde? E qual é a mudança que o senhor sugere para resolver isso?
Não é um problema só, é uma somatória. Em primeiro lugar, na pandemia, Curitiba recebeu muitos recursos federais. Temos que descobrir onde foram esses equipamentos, UTIs que foram montadas. O governador [de Goiás, Ronaldo Caiado], por exemplo, do meu partido, pegou recursos na pandemia e investiu em estruturas permanentes. Aqui, vemos que não aconteceu. O que foi feito na pandemia sumiu. Então é necessário que se faça auditoria na saúde pública. Em segundo lugar, temos profissionais extremamente dedicados. Mas a quantidade de médicos, especialistas, enfermeiras, não é suficiente. Vamos ter de contratar imediatamente mais. Outra coisa, a gente vê que o prefeito fez terceirizações em algumas unidades básicas. Não funcionou bem. Saúde pública não existe para dar lucro, existe para atender o cidadão que paga impostos. Quando ele precisa de consulta ou exame, ele não está recebendo favor da prefeitura. É contrapartida por tributos que pagou. Então vamos fazer gestão da saúde, que não há. Saúde se transformou em máquina política da prefeitura, tanto que a ex-secretária [Márcia Huçulak, PSD] foi eleita deputada estadual com excelente votação. Não tiramos eventuais méritos que ela tenha tido em momentos da pandemia, mas vemos que a saúde virou máquina de fazer política, não de cuidar da vida das pessoas, que é o seu objetivo.
E para a educação, quais são suas propostas?
Vamos elaborar um plano ouvindo profissionais da área a partir de maio e chegar à campanha com propostas claras. Hoje, percebo que Curitiba tem deficiência grave no atendimento às crianças que têm deficiências, principalmente crianças autistas. Temos que olhar todas com olhar comum, humano, inclusivo e acessível. Precisamos incentivar também, para os pais que desejarem e crianças que puderem, o ensino integral. Onde a criança receba não só as matérias curriculares mas também possa permanecer mais tempo e realizar atividades esportivas, aulas de robótica, artes, acesso a boas bibliotecas, bons laboratórios. Vamos conversar com professores e profissionais da área para encontrar maneiras de integrar mais os pais à vida escolar. Há rejeição imensa dos professores ao prefeito e ao vice, porque foram muito maltratados. A prefeitura chegou a fazer sessão da Câmara na Ópera de Arame cercado pela PM e Guarda Municipal. Afronta aos professores. Tenho histórico de defesa da educação. Quando houve o conflito [no governo Richa, em 2015], me posicionei firmemente a favor dos professores. A melhoria da qualidade passa prioritariamente pela valorização dos professores. Qualificação e valorização material, para que possam ser bem remunerados, não tenham que fazer trabalhos extras nem bico, vendendo produtos de beleza para completar a renda. E a questão da tecnologia. É muito difícil para o professor concorrer com o que a internet oferece aos alunos. Então, vamos ter que investir muito em tecnologia.
O senhor falou sobre problemas da atual gestão e algumas qualidades. Independentemente dessas avaliações, é uma gestão bem avaliada, assim como a do governador Ratinho. Como o senhor pretende convencer o eleitor a trocar um grupo que ele avalia bem? Porque o vice-prefeito Pimentel tem o apoio dessas duas máquinas.
Veja, o vice-prefeito não tem só o apoio dessas duas máquinas. Ele tem o apoio da máquina da prefeitura. Ele poderá vir a ter o apoio da máquina do Estado. Ele tem, de certa forma, o apoio da máquina da Assembleia Legislativa. Ele tem o apoio da máquina da Câmara Municipal. E ele tem a principal máquina que o apoia, que é a Copel [empresa de energia], que é presidida pelo seu irmão, Daniel Pimentel Slaviero. Então, ele virá com uma campanha na qual não faltarão recursos. No entanto, o governador Ratinho Junior é meu grande amigo. Eu fui secretário de Justiça, Família e Trabalho, no primeiro governo dele. Colocamos juntos o Paraná em primeiro lugar em empregabilidade, através das agências do trabalhador, de todo o Brasil. Estabelecemos no Paraná o maior salário mínimo regional. Revolucionamos o Estado com cursos profissionalizantes. E essa é uma das questões que é muito bem avaliada na pesquisa sobre o governo Ratinho Junior, a questão da empregabilidade. O governador deu sequência com o seu novo secretário ao trabalho que eu comecei em parceria com as entidades que representam os trabalhadores e os empresários. O nosso diálogo é muito bom, muito positivo com eles. E eu tenho convicção de que no segundo turno o governador estará ao meu lado contra o candidato da esquerda, que possivelmente será o meu adversário.
Agora, como convencer a população a votar no senhor no primeiro turno? Qual é o seu argumento para dizer: vocês dão 60, 70% de aprovação a essa gestão, mas vocês precisam mudar e votar em mim. Por quê?
A aprovação ao prefeito se deve muito mais à simpatia e carisma dele que à própria gestão. Greca habilmente conseguiu confundir os eleitores e fazer uma simbiose da sua imagem com a imagem de Curitiba. Isso ele construiu já na campanha em que eu disputei com ele o 2º turno [2016], quando ele fazia gravações em frente a obras do Jaime Lerner. A nova geração passou a ter no subconsciente a imagem de que aquilo era realização do Greca, sendo que são do Lerner. O Greca transmite imagem de profundo amor pela cidade, e de todos os candidatos o que tem mais histórico de amor por Curitiba, de trabalhos prestados, tendo sido o vereador mais votado, deputado mais votado na cidade, ativo nas comunidades inclusive fora de ano eleitoral, sou eu. O trabalho é simples: é só mostrar que o vice-prefeito, o Pimentel, não é o Rafael Greca. Ele tem apoio do Greca por circunstância política, mas ele não é Greca, não tem as características do Greca. É um bebê feito através de uma gestação de proveta, por interesses políticos. Isso vai ficar claro quando começarem os programas eleitorais e debates. É temeroso entregar a cidade nas mãos de uma pessoa sem experiência, que aparece na gestão ao lado do prefeito quando é para fazer entrega de obras, mas que na crise da saúde sequer teve coragem de ir a público dar satisfação ou pelo menos pedir desculpas às famílias dos que estão nas filas dos hospitais. E acredito que os curitibanos perceberão que o único que tem experiência para administrar a cidade e fazer mais ainda do que o Greca fez, sou eu, sem falta de modéstia. Além disso, sou o nome mais viável para vencer o candidato que vai unir a esquerda, que vem muito forte com o apoio do PT, que é o Luciano Ducci [PSB]. Então, o candidato que vai impedir que Curitiba caia nas mãos do PT, se Deus quiser, serei eu. E eu estou pronto para essa missão.
No final da sua resposta, que era sobre como bater o grupo do Greca, o senhor puxou pela segunda vez a polarização com o PT, com a esquerda. O senhor quer posicionar a sua candidatura como uma candidatura da direita contra a esquerda? É esse o seu plano?
Não, eu sou o candidato a favor de Curitiba, não sou um candidato ideológico. Eu sou um candidato a favor da cidade. O meu partido é Curitiba. Mas eu não posso ignorar o fato de que a maioria dos curitibanos rejeitam o petismo.
O senhor fala em petismo como uma entidade unificada e citou positivamente o governador Caiado capturando as coisas que vê como positivas do seu partido. E as negativas? Como pretende lidar com o fato de o União Brasil estar com um pé no governo federal, o outro fora? Com o fato de o União ter votado, em maioria, pela libertação do deputado Brazão, que era do União e é acusado de matar a deputada Marielle?
Votou em maioria?
Sim, 22 a 16
Veja, no momento eu não estou na Câmara Federal. Eu fui deputado federal, não estou na Câmara Federal. O que eu posso te falar sobre a União Brasil é que há uma liberação do presidente nacional, que é o novo presidente nacional, o [Antônio] Rueda, que foi eleito…
E ainda tem isso, é um partido que está em guerra lá em cima.
Está com essa confusão lá também com o nosso ex-presidente, o [Luciano] Bivar, lá. Esse problema entre eles. Mas tanto o ex-presidente Bivar como o presidente eleito, o Rueda, eles sempre deram muita liberdade para o partido tomar suas posições nos estados. Então, o União Brasil aqui do Paraná não tem vínculo nenhum com o governo federal. Você pode ver que o União Brasil do Paraná não tem ministro indicado, não tem cargo no governo federal, não tem diretor estatal. Nós estamos desvinculados do governo federal. Nós somos da base de apoio do governador Ratinho Júnior. Sim. E nós somos oposição ao prefeito Rafael Greca. Essa é hoje a posição da União Brasil aqui no estado do Paraná.
O transporte de Curitiba já foi exemplo e agora está sendo alvo de críticas de vários dos candidatos. Como o senhor vê o que é necessário fazer nessa área?
Eu acredito que Curitiba, em primeiro lugar, precisa pensar com urgência em ter um VLT. Eu vejo candidatos por aí vendendo terreno na Lua, falando em construir um metrô em Curitiba. Já escutei isso em eleições anteriores e desafio todos os candidatos a me provarem tecnicamente que é viável, do ponto de vista econômico, o metrô aqui em Curitiba. Eu quero desde já deixar claro que, se eu for prefeito, eu não vou fazer o metrô em Curitiba.
Curitiba é um caso bem particular de cidade em que os candidatos prometem que não vão fazer metrô?
Não, não. Os candidatos prometem que vão. Eu estou prometendo que não vou. Eu vou fazer um VLT, o Veículo Leve Sobre Trilhos. Esse é um compromisso. É uma das principais bandeiras. Vou fazer o VLT. Eu vejo cidades menores que Curitiba que tem o VLT. O VLT é mais barato do que o metrô, porque não necessita de escavações. O trilho do VLT é um tipo de trilho que não impede que ele compartilhe ruas com veículos normais, com ônibus normais. E eu entendo que Curitiba está muito atrasada nesse aspecto. É incrível uma cidade que o prefeito diz que é a cidade inteligente —e, de fato, o curitibano é um povo muito inteligente—, mas é incrível o prefeito não ter tratado desse assunto em oito anos de gestão. O VLT é plenamente possível e é necessário para Curitiba. A meu ver, é uma das soluções para o transporte. E aí tem a outra questão: Curitiba subsidia o transporte coletivo. Eu vou fazer uma comissão com os usuários do transporte coletivo, as empresas de ônibus, a URBIS, o Ministério Público, a OAB, e nós vamos estudar a redução gradativa da tarifa.
Como? Aumentando o subsídio?
Não sei ainda. Nós vamos estudar isso. Mas a informação que eu tenho é de que com R$ 800 milhões por ano seria possível fazer tarifa zero em Curitiba. Eu tenho que checar, quando a gente for fazer o plano de governo, se isso é mesmo possível, se é verdade isso. Mas eu acho que gradativamente dá pra gente chegar na tarifa zero. Tem cidades vizinhas a Curitiba que já estão com a tarifa a R$ 1, é o caso de Araucária. Tem Paranaguá, que é uma cidade grande do litoral do Paraná, que tá com tarifa zero. Curitiba tem uma previsão de arrecadação de R$ 13 bilhões agora pra 2024. Se for verdade que com R$ 800 milhões dá pra ter a tarifa zero, eu me disponho sim a subsidiar. Se for mesmo esse o valor… Isso eu ouvi num encontro social que eu tive por acaso, com um empresário que tem ônibus aqui, e me disse que com R$ 800 milhões nós conseguimos fazer tarifa zero. Se for verdade, não vejo por que não fazer.
Para alguns empresários de ônibus, a tarifa zero também é um ótimo negócio, porque ele vai receber 100% do governo, não vai precisar arrecadar. O senhor tá preocupado também com a questão do custo, de quanto as empresas estão recebendo?
Não, veja, a questão é o seguinte: hoje Curitiba já faz subsídio, entendeu? Ela já subsidia e não faz tarifa zero. Então, já que é pra subsidiar, subsidia um pouquinho mais e faz a tarifa zero de uma vez. Agora, ficar subsidiando e não ter tarifa zero é que tá errado, na minha opinião. É que o governo atual tem uma postura de querer arrecadar demais, arrecadar a todo o custo. Por exemplo, o radar de trânsito é necessário? É? Claro que é. Ninguém nega isso. Mas eles colocam um exagero de número de radares…
O senhor vai reduzir o número de radares em Curitiba?
Eu vou tirar os radares pegadinhas. Radar que é pegadinha, que é arapuca, pra enganar, só pra…
O senhor não se preocupa com o aumento do número de mortes no trânsito, de acidentes?
O número de mortes no trânsito é resultado da inconsequência, na maioria dos casos, de jovens alcoolizados que dirigem de madrugada em alta velocidade. E que não estão nem aí pros radares. Se você pegar os dados dos radares, você vai ver que as pessoas que são multadas são senhorinhas de mais de 70 anos de idade, que às vezes se distraem, passam a 5km a mais de velocidade do que podem.
Ou às vezes elas se distraem e passam por cima de uma pessoa também.
Não é o que tem acontecido aqui. Aqui os dados da área de saúde mostram que os acidentes acontecem de madrugada, são jovens embriagados e em alta velocidade. O que nós vamos intensificar é o número de blitz aqui de trânsito. Vamos ter que combater os rachas de carro, acontecem muitos aqui. Corridas de carro em avenidas durante a madrugada. Alguns carros até com placa fria. Então nós vamos fazer um trabalho intenso de inteligência pra combater isso.
Antes o senhor estava falando de outra coisa, que a prefeitura quer arrecadar demais…
Ela quer arrecadar a qualquer custo. Ela não usa o radar pra prevenir acidentes. Ela usa o radar pra arrecadar. E não presta contas dessa arrecadação e não reinveste esse dinheiro no socorro às vítimas do trânsito. Pra mim o dinheiro da multa do radar tem que ir pra salvar as vítimas do trânsito. Não é isso que a prefeitura faz.
Em relação ao metrô, a sua objeção é a questão do custo?
São duas objeções. Uma é a questão do custo. A outra objeção é que o metrô perdeu a credibilidade. Prometeram tanto, ninguém fez, ninguém mais acredita que será feito. E uma terceira objeção é a dificuldade técnica. Nós sabemos que a engenharia hoje é capaz de superar os mais diversos problemas que podem existir. Mas Curitiba é uma cidade que tem no seu subterrâneo uma grande quantidade de rios. Então o metrô seria ainda mais difícil de ser construído. E o metrô seria mais difícil de ser construído aqui devido a isso. Não seria impossível? Não, claro que não é impossível, mas ficaria muito caro e seria muito demorada a obra. Pro VLT, tá tudo pronto pra fazer: nós temos já as canaletas do transporte coletivo. Nós temos avenidas largas que tem canteiros centrais que podem ser utilizados pro VLT. Não há por que não pensar em VLT ao invés de uma coisa que vai custar no mínimo 20 vezes mais que é o metrô.
Deputado, em relação ao custo de morar em Curitiba, que é uma cidade cara de se morar. Entre os dois últimos censos, a população do Brasil cresceu 6,45% e população de Curitiba cresceu 1,25%. O senhor tem alguma proposta de como tornar Curitiba uma cidade que seja possível para um trabalhador morar? Que ele não tenha que ser expulso pra região metropolitana?
Veja, esse dado que você deu tem muito a ver com o crescimento da região metropolitana, você tocou no aspecto crucial. Curitiba cresceu pouco, mas tem cidades da região metropolitana que tiveram um crescimento absurdo. É o caso da Fazenda Rio Grande, por exemplo, que é uma cidade conurbada com Curitiba. Eu acho que a gente precisa pensar, como prefeitura, em diminuir custos de tributos. Ou pelo menos parar de aumentar tributos. Hoje, o que o curitibano paga de IPTU, por exemplo, é um absurdo. É uma barbaridade.
Mas isso não se resolveria com um IPTU progressivo, cobrando menos apenas dos mais pobres?
Eu acho que é uma das opções que pode ser pensada. Como eu te disse, a gente ainda não fez o plano de governo. Nós não estamos com pressa porque nós vamos lançar, primeiro, uma campanha chamada Planeta Curitiba, onde toda a população vai poder opinar, vai poder contribuir com ideias pra melhorar a cidade. E aí, eu acho que a gente vai ter que fazer uma campanha de governo, porque se não a gente não tem ideias dessas pessoas, vamos submetê-las a técnicos, os técnicos vão conversar comigo e com a minha equipe política. A gente vai traçar as linhas gerais de um plano de governo, mas é óbvio que esse plano também vai ser mudável, e que o Planeta Curitiba vai ficar ativo, recebendo permanentemente contribuições da população em geral, fazendo uma gestão participativa, porque ideias boas vão surgindo a cada momento…
Voltando ao custo de viver em Curitiba…
Voltando ao custo de vida em Curitiba, eu admito que é alto. Eu acho que a gente precisa, como Prefeitura, tentar reduzir isso na base da redução de tributos. Se for possível, pelo menos não aumentá-los. E o que eu pude fazer pra ajudar na questão do custo de vida aqui eu fiz enquanto Secretário de Estado, estabelecendo uma parceria com empresários e trabalhadores, o melhor salário mínimo regional do Brasil. O que eu podia ajudar o curitibano em relação ao custo de vida, até agora, na oportunidade que eu tive, eu fiz. Muitos métodos pra tentar baixar esse custo de vida, a gente vai ter que estudar. Muitas vezes é estimulando a concorrência.
E em relação à moradia? O senhor está pensando em moradia popular, em construção, em adensar regiões?
Tem que ter moradia popular. A cidade está com uma fila de 50 mil pessoas esperando por moradia. Está muito fraca a construção de moradias populares. Pra você ter ideia, o IPPUC [Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba], que é o órgão de planejamento de Curitiba, hoje não sabe responder o número de favelas que existem em Curitiba. Se você perguntar na prefeitura de Curitiba, se fizer uma pesquisa, eles não te dão a resposta de quantas favelas tem. E vamos chamar de favelas só as áreas de ocupação irregular. Não vamos chamar todas as áreas onde há miserabilidade. Eles não sabem dar esse número. É um absurdo isso. Então, é muito difícil você também fazer afirmações categóricas e definitivas sem ter acesso aos dados verdadeiros.
Como está a sua relação com o senador Sérgio Moro? O senhor vai ter apoio dele? Houve até especulação de que talvez a deputada Rosângela Moro pudesse se candidatar à prefeita. Como o senhor espera a participação dele na sua campanha?
Eu não quis incomodar o senador Sérgio Moro até agora, porque ele estava focado na questão do seu processo, que foi julgado pelo TRE. Eu espero ter nos próximos dias um bate-tapo com ele. É claro que se ele se dispuser a me apoiar, o apoio é bem-vindo, lógico. E também acho que a deputada Rosângela pode contribuir na campanha. Eu fiquei muito próximo dela, porque eu tive uma atuação forte junto às APAEs. Ela era advogada das APAES. Então ela é uma pessoa que também pode contribuir muito na área da pessoa com deficiência, na área da acessibilidade, da inclusão. São apoios bem-vindos. Mas a gente não conversou porque eu achei que seria inoportuno, no momento em que ele estava concentrado no processo, falar sobre eleições.
Nas suas respostas, o senhor não parece estar deixando uma porta aberta para compor com o Pimentel, como o senhor fez em 2020, quando o senhor acabou compondo com o grupo do governador. É isso mesmo?
Não, não. As pessoas confundem um pouco, porque eu tenho um relacionamento muito bom com o governador. Sou amigo dele desde adolescente, fui secretário de estado, então eles tendem a achar que o governador vai tentar me convencer a não ser candidato. Mas é o contrário, eu quero convencer o governador a me apoiar no segundo turno. Até porque nossas pesquisas internas aqui estão muito positivas pra nós.
O que também falam, e não deve ser novidade nenhuma para o senhor, é que o senhor começa vai começar com uma intenção de voto alta, pelo seu conhecimento, mas que sem estrutura só vai cair…
O passado diz o contrário, né? Na eleição passada, em que disputei com o Greca [2016], comecei com 3% e fui pro segundo turno. O prefeito, que era o Gustavo Fruet, não foi. E eu perdi pro Greca por uma margem muito pequena. Inclusive foi o primeiro case do Brasil de fake news, a gente ainda não sabia como combater isso. Eles disparavam, depois o marqueteiro do Greca me contou, um milhão de WhatsApps na segunda-feira com uma fake news, na terça outra vez, na quarta outra e uma semana ele virou a eleição e ganhou com 3% de diferença. Dessa vez a gente tá mais preparado. E acho que as fake news atrapalham muito o processo eleitoral, mas também hoje o WhatsApp não permite mais esses disparos em massa, então vai ficar mais difícil eles fazerem o que fizeram naquela eleição.
Nas suas manifestações, o senhor tem falado da questão das pessoas em situação de rua…
Uma omissão total da atual gestão de Curitiba em relação ao problema dos moradores de rua. Curitiba está virando uma cracolândia, e a prefeitura não tá fazendo nada por um simples motivo: porque desestruturou completamente o serviço de saúde mental. Você há de convir que hoje a lei permite, desde que haja assinatura de um familiar, o internamento involuntário. Claro que existem pessoas que moram na rua porque querem, existem pessoas que moram na rua porque não têm uma casa para morar, existem pessoas que moram na rua por diversos motivos, mas a maioria está lá por uma questão que é óbvia, é o abuso de drogas ou de álcool.
E sua solução pra isso é a internação de milhares de pessoas?
Não, milhares não. A internação involuntária é aquela feita com autorização de um familiar. Não estou falando da compulsória. No caso de moradores de rua dependentes de crack, que é um problema extremamente grave e muitos deles ficam violentos, é possível que assistentes sociais da prefeitura vão até os familiares dessas pessoas e consigam uma autorização pra tratar esses dependentes. A partir do momento em que eles estão tratados, a prefeitura pode oferecer aluguel social, moradia social. Paralelamente, continua oferecendo tratamento psicológico diário. Os centros de Curitiba de tratamento psicológico foram sucateados. Então, com tratamento psicológico, depois de desintoxicadas, [que essas pessoas] passem a receber cursos profissionalizantes, voltem a ter contato com as famílias, e elas podem então retornar ao mercado de trabalho e voltar a ter uma vida digna. Eu não vejo os moradores de rua como vidas perdidas. Eu vejo de um ponto de vista humano. São pessoas que podem ser salvas, que precisam ser salvas. Mas a prefeitura não faz questão de enviar assistentes sociais aos familiares, porque não tem onde oferecer o tratamento psiquiátrico e psicológico que eles precisam. Então é mais fácil lavar as mãos e deixar as pessoas morando nas ruas continuarem afundando no seu vício e com isso cria-se um problema social, um problema humanitário, um problema de saúde pública e um problema inclusive de segurança pública, porque também tem foragidos da Justiça morando no meio dos moradores de rua para não serem encontrados.