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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu sua primeira reunião ministerial de 2025 gerando constrangimentos para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e dando largada para as eleições de 2026.
Sem citar diretamente o episódio Pix, Lula disse que os ministros não poderão mais editar portarias sem passar pela Presidência. A decisão é mais retórica do que prática, já que todos os dias os ministérios editam inúmeras medidas administrativas por portarias e instruções normativas.
Vale lembrar que, em 2023, o presidente da República também usou uma reunião ministerial para reclamar de ministros que anunciavam iniciativas sem o aval do Planalto. Na época, a indireta era para o então ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, que anunciou passagens aéreas a preço popular.
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Uma fonte palaciana disse que a decisão de Lula “terá que ser modulada”, um jargão para amenizar os efeitos, porque não há condição de ir tudo para o Planalto.
Ainda assim, a fala é ruim para Haddad porque foi a pasta dele que gerou uma enorme crise de imagem para o governo com a decisão normativa (já revogada) da Receita de fazer fiscalização para transações financeiras acima de R$ 5 mil.
Além disso, fragiliza o chefe da economia perante seus colegas e mais uma vez empodera o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, que desde o início do governo tem rivalizado com Haddad. Costa já havia recuperado terreno nas negociações do pacote de gastos, agora conta também com um aliado em posição estratégica: o recém nomeado ministro da Secretaria de Comunicação, Sidônio Palmeira, que é ligado ao petismo da Bahia.
Diante do acirramento da tensão entre os dois principais ministros do governo, resta entender nos próximos meses como o Planalto pretende navegar na busca de consenso. Até porque, em que pese a puxada de orelha no time da Fazenda, é da pasta de Haddad que se apresenta a maior entrega política a ser trabalhada na cabeça do eleitor: pobre no orçamento e rico no imposto de renda, especialmente com a futura discussão sobre a isenção da tabela do IR de até R$ 5 mil.
A despeito de ter mencionado bons resultados na economia, Lula mostrou explícito desconforto com a alta dos preços de alimentos. Ele anunciou incluir “comida barata” na mesa dos brasileiros como slogan dessa segunda metade do governo, junto com as menções a União e Reconstrução.
Lula não deu nenhuma pista de como isso será liderado, mas tratou o tema como desafio de todos os ministros, não só da equipe econômica ou dos ministérios setoriais (como Agricultura e Desenvolvimento Agrário).
O presidente afirmou que “2026 já começou” para a oposição e que o governo vai lidar com o ano eleitoral com trabalho. A escolha retórica revela que o jogo da sucessão também perpassará cada passo do governo a partir de agora, ainda que não possa “antecipar campanha”. Desde uma portaria ministerial até as grandes decisões estratégicas.
Se a declaração de Lula pode ser lida como uma carta de intenções do que pretende fazer na reta final do mandato, o pragmatismo deve se sobrepor ao PT na política. Do ponto de vista prático, a declaração também serviu para deixar claro o interesse de Lula em atualizar a relação com partidos de centro que compõem a Esplanada, mirando uma aliança e até neutralidade no palanque presidencial. É uma negociação que deve ficar mais exposta com a conclusão da reforma ministerial, prevista para ocorrer nas próximas semanas.
No cenário internacional, Lula também disse que não quer briga e vai trabalhar com o novo presidente dos EUA, Donald Trump. O movimento não é só pragmatismo comercial, mas tenta dificultar a linha de transmissão entre o “trumpismo” e o bolsonarismo.