No mundo atual, a percepção das dificuldades não pode mais se dissociar do remanejamento dos quadros funcionais.
Pensando mais a longo prazo, a percepção das dificuldades possibilita uma melhor visão global dos métodos utilizados na avaliação de resultados.

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Assim mesmo, a complexidade dos estudos efetuados ainda não demonstrou convincentemente que vai participar na mudança dos métodos utilizados na avaliação de resultados.

Ministro Márcio França defende alteração na tributação no faturamento excedido pelos MEIs

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O Ministro de Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (MEMP), Márcio França, defendeu nesta quarta-feira (29), na Casa JOTA, em Brasília, a alteração na tributação dos valores de faturamento das empresas. Ele sugeriu alíquotas progressivas, cobradas apenas em cima do limite extrapolado do MEI, atualmente estipulado em R$ 81 mil por ano.

Por exemplo, se uma empresa faturar R$ 95 mil no ano, ela seria tributada em R$ 81 mil pelas regras atuais do Simples Nacional. O restante, de R$ 14 mil, teria uma alíquota maior. Para ele, muitos empreendedores descartam negócios para evitar extrapolar o limite ou abrem mais de uma empresa para que a receita atenda o determinado pela legislação. A possibilidade da alteração que poderia impactar os atuais 16 milhões de MEIs em atuação, no entanto, ainda não foi alinhada com o governo.

A afirmação foi feita durante o evento “E-commerce brasileiro: como PMEs, inovação e diversidade moldam o comércio eletrônico no Brasil”, realizado em parceria com a Amazon. No painel “Políticas Públicas para Impulsionar o Empreendedorismo”, França e a presidente da Amazon Brasil, Juliana Sztrajtman, discutiram a importância da parceria entre governo, sociedade e marketplaces para aquecer os pequenos e médios negócios no país.

O ministro ainda defendeu a possibilidade de a folha de pagamento de uma empresa ser abatida ao valor faturado. “Ao invés de discutir o limite [do MEI], do Simples [Nacional], como fazemos há anos, por que não estabelecer que determinados gastos das empresas pequenas sejam abatidos do limite? Por exemplo, salários e encargos”, questionou. “O abatimento vai dar a chance para que a pessoa fature mais, sem mexer nos limites”, completou França.

O ministro ainda falou da possibilidade de abater a folha de pagamento de uma empresa ser abatida ao valor faturado. Crédito: Fábio Porto

O momento para o debate, segundo o ministro, é na janela da Reforma Tributária. No ano passado, o ministro voltou a ventilar uma reforma na tributação para aumentar o teto do faturamento do MEI — um tema aguardado pelos empreendedores. Além disso, tramita um projeto de lei no Congresso Nacional para aumentar o atual limite para R$ 144 mil. “O objetivo do Ministério da Fazenda é que todo mundo deixe de ser Simples para ser Lucro Presumido ou Lucro Real”, completou.

Acesso a crédito

No mesmo painel, a presidente da Amazon Brasil, Juliana Sztrajtman ressaltou que “a força do e-commerce brasileiro vem dos pequenos e médios empreendedores”. Para ela, é por meio desses empreendedores que é possível oferecer milhões de produtos para consumidores brasileiros. O marketplace, por sua vez, dá acesso aos consumidores e visibilidade aos produtos. “A melhor forma de fomentar esse negócio com uma parceria dos marketplaces com o poder público. Com essa parceria é que as coisas vão acontecer rápido e com qualidade para o consumidor brasileiro”, afirmou.

Como exemplo, Juliana destacou o acordo firmado no ano passado entre a Amazon e o MEMP para capacitar e dar mais visibilidade a microempreendedores e pequenas empresas no e-commerce. O programa fornece ferramentas e o suporte para ampliar a presença digital desse público, impulsionando o setor no mercado.

“A melhor forma de fomentar esse negócio com uma parceria dos marketplaces com o poder público. Só através dessa parceria é que as coisas vão acontecer rápido e com alta qualidade para o consumidor brasileiro”, afirmou. “É importante dar as condições e a capacitação, além do acesso aos consumidores que temos. Apostamos no Brasil e já fizemos investimentos acima dos R$ 33 bilhões”, contou. Ao ser questionada sobre qual seria o desafio mais urgente, Juliana destacou o fomento aos negócios, como acesso a crédito, e o trabalho com a educação.

O aumento de acesso ao crédito, em especial, se faz necessária em razão da alta demanda. Em 2024, o ProCred 360 emprestou R$ 1,2 bilhões aos empresários em 44 mil operações; no Desenrola foram R$ 7,27 bilhões em 181 mil operações, e o Pronamp, R$ 33,8 bilhões, em 503 mil operações.

Juliana Sztrajtman, da Amazon Brasil, destacou o acordo firmado com o MEMP para os microempreendedores e pequenas empresas no e-commerce. Crédito: Fábio Porto

Entre as ações já adotadas pelo governo para impulsionar o empreendedorismo via crédito, França comentou sobre o programa Acredita e o cartão do MEI. “Pelo cartão, vamos criar um rating para que a pessoa possa ter juros mais baratos. A discussão é de como comunicar isso porque a pessoa vai achar que vamos querer taxar e cobrar. O empreendedor enxerga o governo como alguém que quer cobrar DAS e DARF dele”, disse.

Economia verde

Com a aproximação da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), em Belém (PA), o evento do JOTA também trouxe à discussão a relação entre negócios e sustentabilidade. O painel “Economia Verde e a produção made in Brazil no comércio eletrônico”, recebeu Maria Isabel Kossman, diretora de sustentabilidade para América Latina da Amazon, Daniel Lodetti, subchefe da Coordenação-Geral de Desenvolvimento Sustentável do Itamaraty, Carlos Eduardo Santiago, diretor do Sebrae Nacional e o empreendedor Leandro Farkuh, fundador da Bio2.

Em sua fala, Daniel Lodetti destacou o papel fundamental do Brasil na bioeconomia, tanto no trabalho que será desenvolvido junto à COP, quanto na atuação enquanto líder do G20 no ano passado, quando o país desenvolveu o documento que estabeleceu os princípios de Alto Nível sobre Bioeconomia. “A ideia é trazer a bioeconomia como um dos temas prioritários neste ano. Não só porque o Brasil está posicionado internacionalmente como uma liderança que pode trazer a bioeconomia em toda a sua complexidade, desde a bioenergia, biotecnologia, conhecimento tradicional, ciência moderna, mas também aproveitando a situação em que o Brasil foi presidente do G20 [de 1º de dezembro de 2023 a 30 de novembro de 2024] e vai sediar a COP 30”, afirmou.

Já Maria Isabel Kossman, diretora de sustentabilidade para América Latina da Amazon, reforçou o papel do Climate Pledge Friendly, um programa da Amazon que usa certificações para identificar e destacar produtos que são sustentáveis dentro do site. Na prática, os clientes podem identificar os produtos ao verem o ícone de uma folha e o rótulo de recursos de sustentabilidade. A diretora reforça que a ideia é tornar as certificações e o programa acessíveis.

“Entendemos que, às vezes, a certificação não diz muita coisa ao nosso cliente. Você tem a certificação, mas não sabe como aquilo se traduz em características de sustentabilidade do produto. Por exemplo, há a certificação FSC, e nem todo mundo sabe como isso está relacionado ao manejo sustentável florestal. Então, o programa trata das certificações e traduz o significado de cada uma para o cliente”, explicou. Ao todo, 60 milhões de clientes globais da Amazon, por causa do Climate Pledge Friendly, optaram por fazer uma compra mais sustentável. “O e-commerce tem a potência de contar histórias nos produtos, de explicar, de educar”, completou Maria Isabel Kossman.

O diretor do Sebrae Nacional, Carlos Eduardo Santiago, destacou que uma pesquisa interna mostrou que apenas 16% dos empreendedores questionados sabiam responder o que era ESG. Por isso, Sebrae assumiu o papel de sensibilizar a ala empreendedora. “O Sebrae também trabalha com subsídio para o pequeno empresário para obtenção de certificações, e até temos a nível municipal para fomentar iniciativas de descarbonização”, disse o diretor. Ele também destacou a possibilidade competitiva desse setor. “Estamos, cada vez mais, reforçando para que de fato vire um diferencial de mercado para essas empresas que adotam práticas de sustentabilidade e descarbonização”, concluiu.

Representando os desafios dos empreendedores, Leandro Farkuh, fundador da Bio2, abordou os desafios de se produzir no Brasil, priorizando o impacto socioambiental positivo. A Bio2 é uma marca de produtos naturais, veganos e sustentáveis no ramo alimentício. Farkuh também reforçou o papel de marketplaces, como a Amazon, para conectar consumidores com pequenos empreendedores. “Queremos ser referência de que é possível ser sustentável ecologicamente e financeiramente. Temos que incentivar todos os novos empreendedores, e o consumidor está buscando isso”, completou.

Desafios logísticos

No último painel do evento, “Desafios logísticos e a democratização do acesso ao comércio eletrônico”, Rafael Caldas, líder da Amazon Logística no Brasil trouxe as problemáticas da entrega dos produtos em um país como o Brasil, de dimensões continentais. “Passamos por um momento de crescimento exponencial do e-commerce. Hoje, ele representa, em média, 11% do varejo nacional. É um número tímido quando comparado com países maduros e desenvolvidos, mas é um número acentuado quando olhamos para trás e vemos como crescemos desde a pandemia”, contou.

Para chegar em todos os locais, Rafael citou cases de sucesso da Amazon, como a colaboração com parceiros locais — como o DPS, em que a Amazon desenvolve pessoas para montarem serviços de transporte para forneceram os serviços de entrega para a multinacional; e também a parceria com a Favela LLog, que facilitou a entrega em comunidades brasileiras do Rio de Janeiro, São Paulo e agora Salvador.

Adílio Anísio, gerente de inclusão produtiva da Gerando Falcões, abordou a chamada exclusão por CEP, em que pessoas têm menor acesso ao comércio eletrônico por estarem inseridas em regiões marcadas por estigmas ou endereços imprecisos. Ele contou como a Gerando Falcões desenvolveu o CEP Digital, com o intuito de colocar as residências dessas pessoas no mapa. Como muitas delas não têm o Código de Endereçamento Postal convencional, a organização decidiu mapear as residências através de um código que pode ser usado em outros aplicativos, como o Google Maps, por exemplo.

“A partir desse mapeamento, inserimos famílias no e-commerce”, disse. Mas, o trabalho é demorado, como destacou Adílio. “A própria Amazon chega em grande parte dessas comunidades com o CEP digital, e através dos nossos parceiros que fazem entregas”, contou.

Assista ao evento:

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