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Nenhum dos 27 entes federados conta com uma mulher à frente da Segurança Pública. O levantamento, realizado pela Instituto República.org, também revela que, entre os anos de 2019, 2020 e 2021, a realidade era rigorosamente a mesma. No âmbito federal, o Ministério da Justiça, igualmente, só foi comandado por homens ao longo de toda sua trajetória.
Os dados de 2019, 2020 e 2021 são os mais recentes da Pesquisa de Informações Básicas Estaduais (Estadic), do IBGE. Essa realidade contrasta, em especial, com as pastas da administração pública ligadas à Educação, Saúde e Assistência Social.
Segundo o República.org, a falta de representatividade na Segurança Pública é mais acentuada mesmo na comparação com outras áreas tradicionalmente masculinas, como a agropecuária. Em 2020, por exemplo, o país contou com duas mulheres à frente de secretarias estaduais de agropecuária, além da ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (2019-2022).
A gerente de dados e comunicação da República.org, Vanessa Campagnac, avalia que os dados confirmam que, via de regra, as mulheres são designadas para atividades típicas de “cuidado”. Nesse sentido, a pesquisadora aponta que os governos estaduais têm perdido a chance de contar com quadros altamente capacitados na área de segurança pública.
“A pesquisa reflete um cenário mais amplo da falta de representatividade das mulheres na gestão pública. Por exemplo, se olharmos para o quadro geral do funcionalismo público federal, podemos identificar uma paridade de gênero. Entretanto, quando se fala em cargos de liderança, existe uma sub-representação das mulheres. Isso acontece principalmente nas áreas tradicionalmente masculinas, como é o caso da segurança pública”, explica.
Outro estudo do Republica.org, divulgado no segundo semestre de 2023, revelou que 6 em cada 10 funcionários públicos civis da ativa no Brasil são mulheres. Porém, as mulheres têm remuneração menor e acesso limitado aos cargos de liderança. O levantamento apontou que elas ganham, em média, 25% a menos que os homens nos níveis de governo municipal, estadual e federal.
O levantamento de 2023 demonstrou, por exemplo, que, no Executivo federal, quanto mais altas são as posições, menos mulheres as ocupam. De 1.296 postos de Direção e Assessoramento Superior (DAS) de níveis 5 e 6, apenas 323 eram ocupados por mulheres. “Ou seja, a cada 10 cargos de chefia, apenas dois são preenchidos por mulheres”, apontou o instituto na ocasião.
Em relação à qualidade do serviço público, Campagnac defende que a diversidade na liderança dos órgãos garantirá também melhorias no atendimento à população.
“É muito importante que tenhamos mais dados e pesquisas sobre a participação das mulheres no setor público. Com essas informações, poderemos traçar maneiras para alçar essas mulheres a cargos de liderança, principalmente nas áreas mais desafiadoras e tradicionalmente masculinas”, avalia a pesquisadora.