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Enquanto a direção nacional do PT defende o apoio ao ex-prefeito Luciano Ducci (PSB) na disputa em Curitiba, dois deputados federais petistas tentam ser os representantes do partido na Eleição Municipal de 2024. Na chamada “República de Curitiba”, que deu 65% dos votos a Bolsonaro em 2022, as chances de vitória de ambos parecem pequenas, mas Carol Dartora e Zeca Dirceu defendem a viabilidade de suas candidaturas e dão sinais de que se trata de uma disputa também interna com a presidente nacional do PT.
Gleisi Hoffmann quer o apoio a Ducci, antigo antagonista do PT na cidade e que votou pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, e tenta se manter como principal referência do partido no Paraná, de olho em uma possível candidatura ao Senado na vaga de Sergio Moro (União Brasil). As entrevistas com Dartora e Zeca fazem parte de uma série com pré-candidatos à prefeitura de Curitiba.
Leia a entrevista com Carol Dartora, pré-candidata do PT à Prefeitura de Curitiba
A senhora segue pré-candidata? Como está essa definição do PT para ter candidato ou para apoiar uma frente com o Luciano Ducci?
Sigo pré-candidata. No PT de Curitiba, estamos em momento de decisão. Teríamos um encontro, onde a gente teria votação pelos filiados delegados. O encontro foi cancelado pela direção nacional. A questão que a gente tinha é que Curitiba teria que ir com o PSB para que a gente garantisse vice no Recife. Mas como a decisão está difícil, a direção resolveu tomar a decisão no GT executivo. Em Curitiba, sentimos desejo maior de candidatura própria. O momento histórico de Curitiba tem de ser levado em conta, não um mero cálculo político frio.
Por que, entre as opções do PT, a senhora é o nome que deve ser escolhido? E qual é o seu principal argumento para ser votada para prefeita de Curitiba?
A primeira coisa é a matemática pura. Fui a deputada de esquerda mais votada em Curitiba. Mais que a própria presidente [Gleisi]. Tenho arco de crescimento grande, não é recall. Nunca disputei a cadeira, à minha frente estão ex-prefeitos, candidatos à prefeitura. A segunda é a identidade com a cidade. Sou curitibana, da periferia. Me formei, fui trabalhando e melhorando um pouco minhas condições e migrando para o Centro. Surjo com a pauta do acesso à cidade, inclusão. Curitiba tem legado de planejamento urbano, mas se tornou pura história, pura propaganda, maquiagem. Estamos com uma cidade que teve crescimento expressivo, mas não se modernizou, não se adaptou a esse crescimento. Nosso desejo é trazer algo que estamos construindo desde quando fui vereadora: a ideia de que podemos construir uma cidade mais moderna, inclusiva, menos desigual. Temos de lembrar que Curitiba é uma das capitais mais desiguais do país. E desigualdade para quem? Para a população negra, mulheres, população pobre. Curitiba não é mais uma capital moderna. Não é mais uma capital inteligente.
Para quem é de outros estados, Curitiba é exemplo de soluções urbanísticas, inovações. Tendo morado na periferia e feito a transição para o centro, o seu argumento é que essas inovações não chegaram à periferia ou elas se esgotaram e hoje não chegam à periferia?
Nunca chegaram a vários bairros. E não é só periferia. O Parolin é um bairro central, ou a Vila Pinto, central, e a gente vê a desigualdade, que não é uma questão de localidade, e sim de concepção mais ampla de território, pensar e olhar para quem ocupa o território. Você vai pegar uma distância pequena entre um bairro como a Vila Pinto e o Água Verde, Batel, e não vai ter a mesma infraestrutura. E aí é onde fala a desigualdade de raça e classe. Se a gente olhar o mapa da desigualdade, os bairros mais desiguais têm concentração maior de população negra. Isso tem que acabar. A gente quer “cidade na cidade”, quer a infraestrutura da prefeitura, desse município rico, também para as periferias, os bairros mais distantes e os territórios onde o olhar hoje entende que as pessoas não precisam de um transporte melhor.
E qual é a sua proposta para o transporte? Curitiba foi vista como um polo de inovação, com os tubos, BRT. A senhora considera que isso se esgotou? Qual é a sua proposta?
Tarifa zero. Uma cidade moderna hoje tem tarifa social, tarifa zero. Para todo mundo que precisar do transporte. Subsidiando. Fui vereadora, tive de assistir, por dois anos consecutivos, a prefeitura subsidiando os donos do transporte público. Subsidiando, por exemplo, a reforma de ônibus, que não são da prefeitura, são dos donos do transporte, financiando sem nenhum retorno para a população. Então, é como se a prefeitura fizesse a reforma do meu carro e eu não tivesse que pagar nada. É isso que o prefeito faz. Esse mesmo subsídio, ao invés de ir para os donos do transporte, deveria ser para o trabalhador, que é o usuário. Então, não é subsidiando os donos do transporte, a família Gulin, é subsidiando o usuário, o trabalhador.
Sobre a saúde, quais são as suas propostas?
Equilibrar a desigualdade. Recebo denúncias, por ter identidade com a cidade. Fiz enquete perguntando o que as pessoas achavam das unidades básicas de saúde. Houve respostas como “Minha unidade é um paraíso” — e é verdade. A minha unidade é boa, estruturada. Mas você tem, por exemplo, o Hospital do Trabalhador, que é um caos. Então, equilibrar essa diferença, olhar para o território e promover igualdade. Não é normal viver numa cidade em que para uns a saúde é um paraíso e para outros é uma tragédia. A unidade do Tarumã alaga. Na pandemia, a unidade alaga, e eles tiveram que lidar com leptospirose e Covid ao mesmo tempo.
E quais as propostas para a educação?
Aumentar urgentemente o número de vagas de creche. Tenho proposta de creche noturna para mães trabalhadoras. Há número gigante, mais de 7 mil crianças, sem creche. Essas pessoas estão tendo violação de direitos. É violação do direito da criança e violação do direito das mulheres. Porque sabemos quem fica impedida de exercer a carreira e estar efetivamente no mercado de trabalho, porque é responsável pelos cuidados: em maioria, mulheres. Então, é duplo prejuízo para as mulheres. Isso vai evidenciar o que já sabemos: que a maior parte das pessoas na informalidade, nos mais baixos salários, empregos precarizados, são mulheres.
Com todos os problemas, o prefeito e o governador são bem avaliados e apoiam o mesmo candidato. Qual é o argumento para convencer as pessoas a mudar?
O argumento é as pessoas desnaturalizarem o que naturalizaram. Este ano alagou do bairro dito nobre ao mais pobre. Pessoas ricas me disseram que sempre alagou. São anos de gestão que não integrou desenvolvimento urbano e preservação. Temos rios cobertos, não há sistema de drenagem moderno, estrutura verde, jardins de chuva. Não conhecem soluções, naturalizam problemas. Para alguns, a cidade está boa, vale viver da memória de uma cidade que teve planejamento urbano muito bom. Não é mais verdade. A gestão bem avaliada é de um grupo de olhar excludente, que põe boa calçada no Batel, sem por unidade de saúde decente no Tarumã. O bairro tem mobilidade resolvida, está arborizado. Todos têm direito à natureza, à infraestrutura. Minha proposta é desnaturalizar problemas. Que não seja mais natural perder a vontade de andar no Centro porque se formos a uma praça temos de ver uma pessoa em situação desumana, dormindo nas próprias fezes, doente. Achar que conviver com tamanha desigualdade é natural. Não é natural sair de nossos apartamentos e ter de pular outro ser humano, fingir que aquela vida não tem valor, continuar nosso dia porque conseguimos arcar com o custo de vida na cidade. Para esse grupo político, isso é natural. Não é natural.
Como tornar Curitiba uma cidade menos difícil para as pessoas mais pobres?
Colocando a cidade em processo de ampliação, de desenvolvimento. Inclusive, da mentalidade da população. Há críticas sensíveis a fazer, como a recuperação de símbolos. A memória, a identidade, a história da cidade. Isso tem potencial de fazer com que todas as contribuições, todos os povos que fizeram parte da construção aprendam a conviver. E fazer política de moradia, construir moradia popular, de qualidade. No último período vimos o empurramento da classe trabalhadora pra fora da cidade, para a região metropolitana. Grandes obras de moradia popular foram feitas fora da cidade. Por que a gente não tem moradia popular no Centro?
Um dos argumentos para se aliar ao deputado Ducci é que chance da esquerda seria se unir ao centro. Isso faz sentido ou a senhora vê alguma chance de a esquerda vencer?
É sem sentido a esquerda acreditar que vai crescer se anulando. Não basta aglutinar um partido. Uma coisa é o PSB, outra é o Ducci, que não nos representa, sempre aliado ao grupo que a gente comentava. É ilusão crer que verão nele nossos debates. Ducci votou pelo marco temporal, nós defendemos participação política de pessoas indígenas. Como ir à campanha com candidatos indígenas, negros, LGBTs, com quem se coloca em política contrária a esses grupos? Seria mais do mesmo: homens disputando com homens. Homens ricos, brancos, profissionais da política, perpetuando seus lugares. Achar que a esquerda cresce assim é falácia. Precisamos dar voz a nossas propostas. Mesmo ganhando com ele, qual seria nosso lugar na gestão? Quando temos candidatura fica mais fácil eleger vereadores. Não fazemos disputa só para ganhar eleição, mas para aglutinar pessoas ao nosso campo, evidenciar propostas, dialogar com a sociedade.
Parece um discurso olhando o longo prazo, mas derrotista em curto prazo. A senhora não está fazendo um discurso de quem acha que tem chance de ganhar a prefeitura.
De forma alguma. É discurso de quem sabe que pode crescer. No cenário polarizado, uma disputa que pudesse contrapor projetos talvez pudesse ir para o 2º turno.
A senhora foi a deputada da esquerda mais votada em Curitiba, com discursos sobre raça, gênero. Como traduzir isso para eleição majoritária em uma cidade com menos de 20% de população negra? A senhora não teme que isso seja visto como discurso identitário, que não atinge a maioria da população e que aliena ideologicamente?
Há a tentativa de dizer que debates que partem de gênero, raça, são identitários, segmentam. Não é verdade. Não há como segmentar um debate estrutural. A desigualdade é organizada por gênero, raça, classe. Isso amplia o olhar. Porque as mulheres são 52% da população, há uma população negra menor, 20%, mas na região metropolitana [é maior]. Foi empurrada para a região metropolitana e transita na cidade. Quando olhamos como solucionar os grandes dilemas sociais, a questão da população em situação de rua, da moradia, vemos que a população negra tem um grande problema social. Falar desses temas não é segmentar, é aprofundar, é refinar a solução. Ocupações têm população migrante negra gigantesca. A gente não vai falar disso? Não vamos dizer que é questão de moradia? A população em situação de rua é em maioria negra. Isso é problema só dos negros? Os bairros com maior população negra são os mais desiguais. Isso é problema só dos negros? As mulheres são as mais impactadas pela falta de creche, e isso é problema só das mulheres? Não! É problema de toda a sociedade. Então, temos que olhar com mais profundidade os nossos problemas.
Leia a entrevista com Zeca Dirceu, pré-candidato do PT à Prefeitura de Curitiba
A melhor escolha para o PT é mesmo ter candidato próprio em uma cidade tão à direita como Curitiba? Não faz sentido o argumento de quem defende apoiar uma frente mais pela centro-esquerda?
Primeiro, uma ressalva: não considero Curitiba tão à direita, conservadora. Requião já foi prefeito [de 1986 a 88]. Já tivemos resultados melhores em eleições municipais. O PT fez 45%, 49% com Ângelo Vanhoni [2000 e 2004]. Não há proposta em discussão na Direção Nacional do PT que trate de candidatura de centro-esquerda. Ducci, com todo respeito à história, à pessoa que ele é, correta, não é candidato de esquerda. Ele é um candidato de direita! Só olhar a história de vida dele. Foi vice-prefeito [de Beto Richa], votou e vota em Brasília com a direita. Sou defensor de alianças. Agora, aliança se faz, razoável, quando tem um aliado de fato historicamente vinculado. Você pode até não apoiar um aliado, mas tem que ser alguém que vai ganhar. Nunca vi abrir mão para apoiar quem não é aliado e para perder. Porque a pesquisa é evidente: Ducci vem caindo, conforme outros candidatos ficam conhecidos. Tem recall, voto de direita. Aqueles 15%, uma boa parte deve ser de direita. Quando virem ele ao lado do PT, pode migrar. Precisa analisar: ele não assumiu o PT. Não tem foto com o Lula nas redes sociais. Quando o eleitor dele se deparar com essa imagem, vamos ver a pequena margem de votos se corroer mais. Então, temos que ter candidatura própria do PT, diante da ausência de condições de ter um candidato competitivo em outro partido, a fim de ganhar a eleição.
Tendo candidato, porque o senhor seria o melhor nome do PT? O senhor teve mais votos no interior, tendo ficando em 66º lugar em Curitiba.
Você me questionou sobre Curitiba estar à direita. Sou craque em fazer voto em municípios à direita. Olhe a última eleição [2022] e como me elegi e reelegi prefeito [de Cruzeiro do Oeste, 2004 e 2008]. Onde tenho muito voto, Bolsonaro fez muito mais que em Curitiba. Em algumas cidades, fui o deputado federal mais votado. Em outras, fiz 15%, 30%, quase 40%. Mas o que me credencia é a experiência, 24 anos de vida pública. Nunca me envolvi em malfeito, não respondo a processo por corrupção, vida limpa. Prefeito premiado, reeleito com 70%. Prefeito empreendedor [Sebrae], Prefeito Amigo da Criança. Meu município teve a melhor saúde bucal do PR, medalha de mérito em Brasília por fortalecer a agricultura, homenagens por ações na educação, geração de emprego, qualificação profissional. Em 2, 3 anos, tirei a cidade do zero e coloquei todas as escolas de forma integral. A maioria dos municípios ainda não tem isso, eu estava 20 anos adiantado. Sei como funcionam as coisas nos municípios. E experiência para, em Curitiba, Brasília, junto ao governo do estado e federal, credenciar Curitiba a ser parceira das políticas que estão dando certo no país. Curitiba vai ter, com o presidente Lula e os principais ministros, um prefeito que não precisa bater na porta. Curitiba vai ter fina sintonia para atrair investimentos federais. Vai ser a capital do PAC, do Minha Casa Minha Vida, a capital dos investimentos e da revolução que está sendo feita especialmente na saúde e no social pelo governo do presidente Lula.
Qual é a principal bandeira que o senhor pretende defender em uma eventual candidatura?
Minha principal bandeira parte da mudança da postura política. Eu fui prefeito duas vezes e, lá no meu município, em Cruzeiro do Oeste, quem decidia como o dinheiro ia ser gasto não era o prefeito, no gabinete, entre quatro paredes, com ar-condicionado e meia dúzia de assessores. Quem decidia como o dinheiro ia ser gasto era o povo. Eu fiz o orçamento participativo, nos dois mandatos. Todas as semanas, fiz duas, três assembleias, grandes reuniões, à noite, nos bairros e nas comunidades rurais. Eu vou devolver ao povo de Curitiba o direito de escolher o seu próprio destino, de votar o que vai ser gasto pelo orçamento do município, de poder priorizar áreas estratégicas, como é a saúde, como é a educação, como são as áreas que criam ambientes para geração de emprego e renda. A maior mudança é estrutural e política.
Quais suas propostas para a educação?
Sou apaixonado pela educação, em especial a educação integral. A criança precisa ficar o dia todo na escola. E, além de ter acesso à pedagogia tradicional, precisa ter acesso à informática, tecnologia, inovação, cultura, música, dança, teatro, artesanato. Precisa ter acesso aos esportes, a serviços de saúde dentro da escola. Eu tinha o Odontomóvel, por exemplo, no meu município, que ia à escola fazer o tratamento dental das crianças. Tinha o consultório médico móvel, que ia às escolas fazer o atendimento das crianças. Então, é uma educação integral. Tem a questão do idioma também: espanhol, inglês, chinês, japonês. Quando a criança fica o dia todo na escola, tem oportunidade de desenvolver atividades complementares, o que vai fazer com que essa criança, no futuro, seja um jovem, um adulto bem resolvido, que saiba conviver em comunidade, participar coletivamente da tomada de decisões, que saiba trabalhar em equipe e que tenha equilíbrio emocional. Não se trata só de saber ler e escrever. Além de saber ler e escrever, desenvolver habilidades que justamente essas oportunidades de esporte, cultura, lazer, acesso à tecnologia, acesso a idiomas, permitem a criança desenvolver e estimular suas potencialidades.
Quais suas propostas para a saúde?
Temos que radicalizar a saúde preventiva. A atenção nos bairros, na periferia, nos locais mais distantes, com médicos da família, equipes de saúde da família bem estruturadas, bem remuneradas, equipadas e usando tecnologia, tudo de mais moderno no aparato de diagnóstico e busca de soluções. Ter uma parceria muito forte com as instituições filantrópicas e instituições privadas, principalmente, para fazer a rede hospitalar rodar com excelência. Cirurgias eletivas não podem mais aguardar filas intermináveis. Exames mais caros, procedimentos médicos mais caros de diagnóstico, não podem também empacar em filas intermináveis. É tempo e qualidade de vida que estão em risco nessa paralisia. Para que isso funcione, tem que ter dinheiro, investimento. Por isso, a importância da participação federal, da boa relação com o presidente Lula, com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, que me orgulho de desfrutar. O governo federal continua concentrando, sempre foi assim, 70% da arrecadação de impostos. É claro que a solução para muitos gargalos da saúde não está em Curitiba, está em Brasília, onde está concentrada a arrecadação.
Quais suas propostas para o transporte? É possível o passe livre?
O transporte público, a tarifa zero. O mundo já está vivendo isso. No Brasil, isso já é uma realidade em 90 municípios. Não tem outra solução que não seja a tarifa zero. O transporte tem que ser um bem, gratuito, público, de garantia do direito de todos de poderem ir e vir, poderem trabalhar, fazer compras, estudar. Tem de ser um direito. O deslocamento, por meio do transporte coletivo, tem que ser gratuito. Nós vamos buscar mais uma vez a parceria do governo federal, nós vamos buscar o diálogo e a construção coletiva com os empresários, com os trabalhadores das empresas de ônibus para assegurar esse modelo. Já tem 80 cidades brasileiras, inclusive algumas de grande porte, que implementaram o passe-livre. Aqui, pertinho de Curitiba, nós temos uma cidade de porte médio, Balneário Camboriú em Santa Catarina, que já tem o passe-livre. Curitiba é uma cidade rica, tem todas as condições, sim, de viabilizar isso à população.
Como tornar Curitiba uma cidade com o custo de vida menor, inclusive de moradia, para a população de mais baixa renda?
Uma das coisas que mais pesa no custo de vida, além do transporte que eu já falei, é o aluguel, é o preço da moradia. Nós vamos priorizar, nós vamos implementar a maior etapa do Minha Casa Minha Vida que Curitiba já viu em toda a sua história. Quem está pagando aluguel vai sair do aluguel. Em vez de pagar o aluguel, vai pagar a parcela do seu apartamento, a parcela da sua casa própria. Nós vamos fazer uma grande revolução, uma grande transformação na área habitacional, utilizando dos recursos federais, das políticas desenvolvidas pelo Ministério das Cidades, em especial pela Caixa Econômica Federal. A Caixa vai ser a nossa maior parceira nesse processo. Convivo com a instituição há 24 anos, aprendi a entender o seu funcionamento e o dos programas habitacionais, que têm dezenas de modalidades. Inclusive, algumas de acesso individual, até hoje desconhecidas pela população de Curitiba por falta de empenho, de dedicação política, por falta de informação e de uma parceria bem feita da Prefeitura com a CEF e com o Governo Federal para atender essa demandar popular.
Como convencer os curitibanos a mudarem o grupo no poder, que tanto no estado como na Prefeitura tem alta aprovação?
De fato, tenho visto pesquisas com alto índice de aprovação da gestão atual. Minha dinâmica é muito simples: manter o que está dando certo, o que é bom, o que é positivo. Nunca fiz política com o fígado, com radicalismo partidário, extremismo ideológico. Sempre fui uma pessoa muito aberta, flexível. Sei reconhecer os méritos também de quem é e pensa diferente de mim, é e pensa diferente da gente. E aquilo que não está indo bem —e tem coisas que não estão indo bem— vamos mudar com firmeza. Fazer as alterações necessárias, sempre pactuadas com as outras forças políticas e pactuadas através do orçamento participativo, que será a grande revolução em transparência, participação popular. Vamos construir diagnóstico do que precisa mudar e que tipo de decisão implementar.
Curitiba já deu grandes exemplos de inovação para o mundo, também de práticas ecológicas e ambientais corretas, de cidade inteligente, mas falta combinar essa expertise com a inclusão social, com a melhoria e a democratização do acesso das populações periféricas às vantagens que a cidade oferece. A cidade só é boa se for boa para toda a gente. O orçamento participativo vai apontar o que de fato as pessoas dos 75 bairros da cidade e das 10 administrações regionais querem priorizar. Por meio das audiências públicas, mas também pelo uso de toda tecnologia e ferramentas de interação de que dispomos hoje para otimizar a resposta em tempo real. E envolver as universidades e organismos de pesquisa do município. É possível uma grande mobilização e envolvimento da comunidade nesse compromisso de participação e definição dos rumos da cidade.