No mundo atual, a percepção das dificuldades não pode mais se dissociar do remanejamento dos quadros funcionais.
Pensando mais a longo prazo, a percepção das dificuldades possibilita uma melhor visão global dos métodos utilizados na avaliação de resultados.

pensamento do dia

Assim mesmo, a complexidade dos estudos efetuados ainda não demonstrou convincentemente que vai participar na mudança dos métodos utilizados na avaliação de resultados.

O que fazer com o Rio Grande do Sul? Ciência!

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Dois anos antes de falecer, Bruno Latour, um dos maiores pensadores da ecologia política do mundo, afirmou, em entrevista espetacular para a Folha em 2020, que se nós brasileiros achássemos a solução para a crise climática salvaríamos o mundo. 

De fato, temos a capacidade de salvar a nós mesmo e o mundo neste tema da emergência climática por diversos motivos. 

O primeiro deles é que somos um dos países mais desiguais do mundo e isto é caldo de cultura para analisar as injustiças climáticas que atravessam nosso país e as demais nações. As desigualdades internas e externas exigem política de acesso à adaptação justa, mas também mecanismos de financiamento dos países ricos aos do Sul Global.

Segundo, temos problemas políticos crônicos que, associados à ausência de políticas públicas de adaptação climática, impõem um regime de respostas a desastres ambientais sempre que uma tragédia acontece, afastando a necessidade de prevenção. O Brasil e o mundo precisam pensar a adaptação climática como condição de sobrevivência no/do planeta. 

Temos recursos humanos, financeiros, políticos, científicos e geográficos para mudar os quadros de tragédias que circundam nosso país continental de norte a sul, de janeiro a janeiro. Falta, contudo, o agir. Seja na política, no mercado, na execução da política pública e na sociedade. Falta a orientação política no Antropoceno, aqui e no mundo, daí a necessária leitura da obra Onde aterrar, que motivou a entrevista de Latour à Folha.

Quarto e último motivo é o uso da ciência. A ciência avisou o que aconteceria no Rio Grande do Sul, assim como avisou em tantos outros desastres que, chamados de naturais, são sempre causados pela ação humana e previsíveis pela ciência. 

O Brasil e o mundo necessitam se orientar politicamente na emergência climática a partir da ciência. 

O conhecimento científico é farol que ilumina a saída da crise, especialmente para corrigir as desigualdades experimentadas por aqueles que menos dão causa aos eventos extremos e que possuem condições de vulnerabilidades que lhe tiram tudo, inclusive a vida. 

Um provérbio em latim muito utilizado por Latour é o Cornu bos capitur, voce ligatur humo: “é pelo chifre que se agarra o boi, mas o homem é pela palavra”. Ou seja, no lugar da violência, o diálogo. Em vez da força, a construção da solução pelo discurso. Do determinismo para a possibilidade científica. Do conformismo às assinaturas de compromissos internacionais de financiamento climático e de combate às injustiças climáticas.

A solução dos eventos extremos está em nossas mãos, causadores da crise climática que mata de forma injusta no Rio Grande do Sul e ao redor do mundo. A ciência (jurídica, política, econômica, social) é a chave de salvação para revertermos este quadro e sabermos onde aterrar. 

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