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Nos últimos anos, as holdings multissetoriais ganharam destaque no cenário empresarial, consolidando-se como estruturas eficazes para a diversificação e gestão de múltiplos negócios sob um único controle.
No Brasil, conglomerados como J&F Investimentos, Itaúsa, Cosan, Grupo Ultra e Grupo Edson Queiroz (GEQ) – onde atuo como diretora jurídica – operam nesse formato, abrangendo diferentes setores da economia. A estrutura de holding é utilizada como uma estratégia para diversificar investimentos, centralizar a gestão e otimizar o uso de recursos entre suas várias áreas de atuação.
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As holdings multissetoriais adotam uma estratégia diversificada para reduzir riscos e explorar oportunidades em diversos segmentos econômicos, aproveitando as sinergias e economias de escala que esse modelo proporciona. Além disso, elas aplicam práticas avançadas de governança corporativa, fundamentais para lidar com a complexidade de operar em múltiplos setores simultaneamente.
Nesse cenário, a centralização de funções operacionais, como os departamentos jurídico, recursos humanos, financeiro, logística e marketing, surge como uma solução estratégica para otimizar processos, reduzir custos e fortalecer a governança corporativa. Essa centralização permite uma visão unificada sobre a gestão de riscos, além de alinhar as operações às estratégias gerais da empresa.
O fato é que a centralização de um departamento jurídico em uma holding multissetorial oferece oportunidades, mas também apresenta desafios consideráveis. Um dos principais desafios é a diversidade dos setores em que a holding opera, cada um com suas próprias exigências regulatórias e necessidades jurídicas específicas.
Outro desafio significativo é manter uma equipe jurídica que seja ágil e capaz de atender às demandas de setores altamente especializados. Isso requer a formação de equipes jurídicas especializadas dentro da estrutura centralizada, capazes de fornecer suporte jurídico adequado e especializado para cada área de atuação.
O departamento jurídico centralizado também deve equilibrar suas funções tradicionais com a necessidade de oferecer suporte estratégico ao desenvolvimento dos negócios. Além de lidar com questões rotineiras, o departamento precisa ser proativo, auxiliando no lançamento de novos produtos, na entrada em novos mercados e na criação de estruturas de financiamento inovadoras, por exemplo.
Assim, o jurídico deixa de ser apenas uma ferramenta de defesa ou mitigação de riscos, assumindo o papel de parceiro estratégico no desenvolvimento de soluções e na identificação de oportunidades de crescimento.
Este formato de atuação de departamento jurídico também oferece vantagens. Um dos principais benefícios é a unificação de processos, que gera sinergias entre diferentes áreas. Além disso, permite uma visão consolidada das disputas jurídicas em andamento e dos respectivos riscos, facilitando o gerenciamento estratégico de contingências.
A meu ver, o futuro da gestão jurídica em holdings multissetoriais aponta para uma integração cada vez maior entre o jurídico e as operações de negócios, impulsionada pelo uso crescente de tecnologias inovadoras. Ferramentas como inteligência artificial, automação de processos e plataformas digitais colaborativas estão transformando o papel do departamento jurídico, tornando-o mais eficiente, ágil e integrado ao negócio.
A automação de tarefas repetitivas e o uso de sistemas inteligentes para análise de riscos permitirão que as equipes jurídicas se concentrem em questões mais estratégicas e complexas, elevando o nível de sua contribuição para o desenvolvimento da holding. Essas tecnologias irão melhorar a precisão das previsões jurídicas e a gestão de riscos, além de facilitar a colaboração entre o jurídico e outras áreas da empresa.
Portanto, a centralização dos departamentos jurídicos em holdings multissetoriais, embora instigante, pode ser altamente benéfica quando bem implementada. Ao adotar uma abordagem proativa, integrada e apoiada por tecnologias avançadas, o departamento jurídico pode desempenhar um papel essencial no sucesso estratégico da holding, ajudando a identificar oportunidades, gerenciar riscos de forma mais eficaz e apoiar o crescimento sustentável da empresa como um todo.