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As lutas dos diversos movimentos negros de combate ao racismo no mercado de trabalho para inclusão das pessoas negras em cargos de liderança estão produzindo resultados melhores nessa segunda década do século 21. Pessoas negras estão sendo reconhecidas em mais espaços de gestão, e a implementação das ações afirmativas para o ingresso de pessoas negras no ensino superior foi um dos motivos dessa mudança. Nesta segunda década do século 21, a pauta de inclusão expandiu para a implementação das ações afirmativas no setor público e privado, levando os formados negros para esses mercados.
A representatividade de pessoas negras em cargos de liderança evidencia que as ações afirmativas são eficientes para reduzir as desigualdades e estruturar mudanças hierarquizadas no arcabouço de poder. Outrora, sequer havia pessoas negras como gerentes e diretores de empresas, deputados federais e senadores no Congresso Nacional, tampouco como integrantes do Poder Judiciário.
Dado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2023, aponta que a população brasileira é composta por 55,51% da população autodeclarada negra (pretos e pardos). No entanto, a representação desse grupo nos espaços de liderança ainda é pequena. Avanços aconteceram, porém, não na urgência e importância que o combate ao racismo exige.
Em 2021, dados do IBGE revelaram que, dos cargos gerenciais compilados, 69% eram ocupados por pessoas brancas e 29,5% ocupados por pessoas negras. A formação em nível superior não reduziu as disparidades salariais, pois, mesmo “com ensino superior completo ou mais, as pessoas brancas ganharam, em média, 50% a mais do que as de cor ou raça preta e cerca de 40% a mais do que as pardas.” (IBGE, 2022, p.4).
Quanto mais elevados os cargos, menor a presença de pessoas negras, a tal ponto que, na classe com rendimento mais elevado, apenas 14,6% das pessoas ocupadas em cargos gerenciais eram negras, enquanto que 84% delas eram brancas.
No âmbito da representação política, que confere ao candidato eleito condições de conduzir o interesse da coletividade nacional, nota-se que a população negra possui boa representatividade como candidata aos cargos, tampouco foi eleita. Nas eleições para prefeitos e vereadores de 2016, foram eleitos 70,3% de prefeitos brancos, 27,4% pardos e 1,7% pretos. Para o cargo de vereador foram eleitos 57,1% de brancos, 37,1% de pardos e 5% de negros.
Nas eleições de 2020, tivemos pequeno aumento da proporção de pessoas negras eleitas e pequena redução da proporção de pessoas brancas, sendo que foram eleitos 67,1% de prefeitos brancos, 30% de pardos e 2% de negros. Para o cargo de vereador, tivemos 53,6% de brancos, 38,5% de pardos e 6,2% de negros.
Se também observarmos a liderança política a partir da desigualdade de gênero, nota-se que as mulheres tiveram baixa aprovação nas urnas eleitorais. Nas eleições de 2020 para prefeitos, foram eleitos 3.248 homens brancos, 1.449 homens pardos, 101 homens pretos, 443 mulheres brancas, 201 mulheres pardas e 10 mulheres pretas. A população negra é mais de 50% da população, porém não chega nem próxima desse percentual na ocupação de cargos políticos, tampouco empresariais.
O sucesso eleitoral está relacionado com o financiamento das campanhas e receitas partidárias, e nesse aspecto, a população negra também não recebe o investimento similar ao dos candidatos brancos. “Na faixa acima de R$ 1 milhão, eram 82,1% brancos, 1,8% pretos, 16,1% pardos e nenhum eleito de cor ou raça amarela ou indígena”, segundo o IBGE.
As mudanças do perfil das pessoas negras em cargos de liderança, seja político ou empresarial, não é uma novidade apenas as pessoas negras que assumem esses espaços, mas também a toda população (branca ou negra), que precisa combater o imaginário construído sobre o lugar do negro que era de trabalhos manuais, para trabalhos de gestão e intelectual. É nesse aspecto que combater o racismo institucional com a inclusão de pessoas negras em cargos de liderança se torna relevante.
A permanência de pessoas negras em cargos de gestão exige o rompimento da discriminação sobre sua capacidade e potencialidade. Se a pessoa está formada e tem diplomas, passou por processo seletivo ou foi nomeada ou eleita para um cargo de liderança é porque ela tem condições de desenvolver excelente trabalho. Indaga-se, afinal: qual é o papel destinado às novas lideranças negras?
A liderança tem o dever de influenciar o meio que está inserida, contribuir no desenvolvimento de projetos e atitudes que façam o setor público ou privado expandir tanto em metas quanto em prestação de serviços. Para isso, a equipe de trabalho deve estar engajada com as pautas apresentadas pela liderança.
Estudo da Fundação Lemann intitulado “Equidade e Representatividade: síntese de evidencias sobre a presença de mulheres e pessoas negras em cargos de liderança e autoridade” apontou que, na comparação com lideranças públicas não-negras, as lideranças negras tendem a “propor 3 vezes mais leis e políticas públicas dedicadas à inclusão; aumentar em até 2 pontos percentuais o engajamento político do eleitorado negro em nível local; e aumentar em até 1,8% pontos percentuais a participação da força de trabalho negra”. Estas propostas são essenciais para ampliar o espaço para mais pessoas negras, bem como para que as ações tenham atenção a especificidade da população negra.
Representatividade não significa poder, porém, ela é importante para que as pessoas negras sejam referência de nova atuação profissional para as gerações presente e futura, e permite que a capilarização de pautas de combate ao racismo seja implementada.
Neste ponto devemos estar atentos à armadilha do racismo que faz que as conquistas das pessoas negras na liderança sejam entendidas como ações individuais. A armadilha estará presente no fato de pensarem que a discriminação acabou ou que não precisamos mais seguir com políticas includentes.
Por outro lado, as ações negativas são definidas como coletivas, ou seja, que são comportamentos de todas as pessoas negras do mundo. A liderança negra pode cometer erros, e deve ser dada condição para que ela proceda a correção, a fim de garantir sua permanência e confiança.
As disparidades existentes entre lideranças negras e não-negras ainda se fundamenta nas práticas cotidianas do racismo, que está estruturado em todas as relações sociais, e precisa ser denunciado a todo momento que pessoas negras estiveram em condição de desvantagem.
FRANÇA, Michel; NASCIMENTO, Filipi. Equidade e Representatividade: Síntese de evidencias sobre a presença de mulheres e pessoas negras em cargos de liderança e autoridade. São Paulo: Fundação Lemann; Núcleo de Estudos Raciais do Insper, 2023.
IBGE. Desigualdades sociais por cor e raça no Brasil. 2ª Edição. Estudos e Pesquisas Informação Demográfica e Socioeconômica, n. 48, 2022. Disponível em: liv101972_informativo.pdf (ibge.gov.br). Acesso em: 28 fev. 2024.