Parada do PIB no segundo semestre reforça pressão em Haddad e BC

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A estagnação do PIB no segundo semestre do ano é uma notícia ruim que aumenta os riscos de pressões por inflexão na política econômica. O discurso público do governo vai enfatizar que alta de 2,9% do conjunto de riquezas produzidas pelo país foi melhor do que o mercado previa quando a administração petista se iniciava e é indiscutivelmente um resultado bom. Mas com dois trimestres zerados na segunda metade do ano, é bem provável que as pressões de bastidores sobre a linha de política econômica defendida por Haddad, especialmente na área fiscal, se intensifiquem.

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Na área econômica do governo, há uma tentativa de se relativizar a estagnação do fim do ano. Uma parte destaca a composição melhor do desempenho do PIB, com maior peso da indústria (ainda que a de transformação, que tem maior valor adicionado nos produtos, tenha caído e o que puxou foi construção e extrativismo) e um respiro dos investimentos, que interromperam uma longa sequência de quedas trimestrais (mas que terminaram o ano caindo em relação ao total da economia).

Outra parte da área econômica comenta que os dados da agropecuária foram mais negativos do que se esperava para esse fim de ano, frustrando a expectativa de que o PIB agregado teria uma pequena alta entre outubro e dezembro. Mesmo assim, lembra uma fonte, não se pode desprezar um crescimento de quase 3% no ano e é bom considerar que os dados são sujeitos a revisões que em geral mostram um desempenho até melhor.

A melhora na composição do PIB, com maior contribuição de indústria, segundo um interlocutor do governo, deve prosseguir e ajudar na estratégia fiscal, porque gera mais receitas.

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Nas próximas semanas, a Fazenda vai refazer suas projeções para 2024. Atualmente, a expectativa para 2024 é de uma expansão de 2,2%. De um lado, os dados de alta frequência vêm indicando um aquecimento da economia – que pode estar influenciado por fatores como o gigantesco pagamento de precatórios. De outro, o PIB do fim do ano abaixo do esperado e repetindo o zero dos três meses anteriores turvou o cenário e coloca dúvidas sobre se há razões para otimismo.

Seja como for, ainda que os dados agregados do IBGE em 2023 deem munição para o governo bater bumbo em seu discurso político, os números trimestrais recentes vão servir para a ala crítica do próprio Executivo reforçar as pressões contra a austeridade de Haddad. E também sobre o ritmo de corte de juros pelo Copom

Já há quem lembre e compare o atual momento com a administração Obama nos Estados Unidos – com um discurso à esquerda, mas na prática exercendo trabalhando alinhado com o neoliberalismo preconizado por boa parte do setor financeiro.

Haddad, por enquanto, tem um ativo extra, além do PIB bom do ano como um todo, para defender a sua estratégia fiscal, que inclui brigar pela meta de zerar o déficit primário neste ano e ter superávits primários nos seguintes: o nível de emprego segue em alta e a taxa de desemprego está baixa, com a renda crescendo. Em outras palavras, a vida real está tendo alguma melhora. A dúvida é se isso vai continuar.

Os dados de mercado de trabalho são sempre os últimos a reagir. Se a recuperação do crescimento de fato começar a ocorrer como promete a Fazenda, Haddad se fortalece. Se a paralisia de julho a dezembro do ano passado continuar, porém, especialmente em um ano eleitoral, o ministro se isolará mais politicamente e o risco de um maior expansionismo fiscal e parafiscal se intensifica.

Não á toa, o governo antecipou o pagamento de precatórios previstos para o ano já para fevereiro e corre para fechar medidas de incentivo ao crédito, como o consignado privado, que deverá ter um papel relevante da Caixa para trazer os bancos privados para o negócio. Não haverá surpresa se as pressões por cortes mais intensos de juros se acentuarem nos próximos meses.

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