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Nesta Quinta-feira Santa, “a celebração da Ceia do Senhor coloca o centro nos pés”, recorda o doutorando em Teologia Moral pela Pontifícia Academia Alfonsiana de Roma. O gesto do Lava-pés, o ponto de partida do Tríduo Pascal, é contemplado pelo sacerdote da diocese de Erexim/RS através de diferentes expressões extraídas de um italiano, o Servo de Deus dom Tonino Bello, e um alemão, o artista Sieger Köder.
Andressa Collet – Vatican News
“O Servo de Deus, dom Tonino Bello, resumia a Quaresma em uma expressão: ‘da cabeça aos pés'”, comenta o Padre Maicon Malacarne, pároco da paróquia São Cristóvão da diocese de Erexim, no Rio Grande do Sul. Ele faz referência a dom Antonio Bello, um bispo italiano que o Papa Francisco cita frequentemente. Inclusive, em 2018, chegou a visitar o seu túmulo na região italiana da Puglia.
De fato, continua Pe. Maicon, que é mestre e doutorando em Teologia Moral pela Pontifícia Academia Alfonsiana de Roma, o início do caminho quaresmal parte “com cinzas sobre a nossa cabeça, o convite ao arrependimento, o convite à conversão” até chegar ao final da Quaresma e em direção ao Lava-pés, “do serviço e do amor ao outro”.
O Lava-pés
Na Quinta-feira Santa, a Ceia do Senhor, estabelecida por Jesus em vista da celebração da Páscoa, vem acompanhada pelo ato de lavar os pés dos discípulos. Esse rito religioso pode ser comparado a uma espécie de “mini batismo” para purificação dos pecados. Baseado no Evangelho de São João, esse gesto é observado por diversas denominações cristãs e, como recorda o Pe. Maicon, “configuraria uma das expressões máximas de Jesus: abaixar-se e lavar os pés dos discípulos (Jo 13,1-15).”
Tudo começa dos pés
O Padre Maicon Malacarne faz uma reflexão sobre a cerimônia do lava-pés, através de uma imagem do artista alemão, Sieger Köder, para recordar que “tudo começa dos pés”:
“Gosto muito de uma pintura de um alemão, chamado Sieger Köder, que apresenta Jesus e Pedro na cena do Lava-pés. Ambos estão inclinados, um para o outro. No entanto, Jesus se inclina mais na direção de Pedro para lavar os seus pés. Essa inclinação de Jesus é tão grande que nós não conseguimos ver o seu rosto. Vemos o reflexo, a luminosidade da sua face refletida na água da bacia em que ele lava os pés.
A pintura nos ajuda a compreender que nós somos aquilo que somos, que a nossa identidade é formada na relação com o outro, no Lava-pés. Sem os pés, sem os pés do outro, sem o serviço e o amor nós não vivemos a nossa identidade. Nós não vivemos aquilo que nós somos.
A Quinta-feira Santa é esse convite a regressar à essência daquilo que Deus quer de cada um e cada uma de nós. A Ceia do Senhor, o mandamento do amor, a instituição da Eucaristia e do sacerdócio, o Lava-pés: a grande identidade de um Deus que ama, que se torna oferta, que se reparte e que convida a uma vida doada. Köder, na pintura, coloca lado a lado o pão partido, o vinho e o lava-pés. Tudo faz parte de uma única cena. Os olhos de Pedro fixos nos pés de Jesus, nos recordam esse compromisso de toda uma vida.”
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