Pequenas empresas ligadas ao agronegócio crescem 76,3% no RN

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O número de empresas ativas ligadas ao agronegócio apresentou um crescimento de 76,35% entre 2019 e 2024 no Rio Grande do Norte, saltando de 3.074 para 5.421 entre microempresa (ME), empreendedores individuais (MEI) e Empresas de Pequeno Porte (EPP). É o que aponta o novo Boletim do Agronegócio do RN, elaborado pelo Sebrae RN. O documento indica ainda que o número de produtores da agricultura familiar ultrapassa 52 mil, mas que ainda carece de estimulo para desenvolver as atividades, especialmente no que tange à conectividade no campo.

A gerente da unidade de Desenvolvimento Rural do Sebrae RN, Mona Paula, diz que algumas linhas que justificam esses aumentos: exportação no mercado internacional, condições climáticas (mais chuvas), mecanização de lavouras e tecnologias no campo, políticas e práticas de incentivo e plano safra ampliado.

O maior número de pequenas empresas do setor está na agricultura (640), seguida da pesca e aquicultura (263), pecuária (221), veterinária e PET (28) e produção florestal (19). As principais atividades dessas pequenas empresas incluem serviço de preparação de terreno, cultivo e colheita, atividades de apoio à agricultura, e criação de animais de estimação, bovinos para corte e leite, e camarões.

“A gente vê que de fato é uma oportunidade investir nas cadeias de agronegócio, porque existe uma demanda muito grande para a produção de alimentos, tanto na parte de pecuária, quanto na parte de fruticultura, de agricultura, o consumo por alimentos, principalmente o alimento cada vez mais saudável, com menos defensivos agrícolas”, explica Mona Paula.

O Boletim traz um apanhado sobre o setor em duas vertentes: a dos pequenos negócios e a da agricultura familiar. “Há um crescimento, especialmente quando analisa culturas como cana-de-açúcar melão, banana, comparado a 2021. E isso reflete no aumento das exportações”, diz Mona Paula do Sebrae.

O RN se destaca na produção de cana-de-açúcar, melão, banana, melancia, mandioca, abacaxi, maracujá, mamão, castanha-de-caju e coco-da-baía e exportou 73.318.208 dólares em frutas no primeiro semestre de 2024, posicionando-se como o quarto maior produtor de frutas do País.

Em 2022, os principais produtos foram cana-de-açúcar (740.744 mil reais), melão (534.791 mil reais) e banana (473.762 mil reais). Na pecuária, o estado possui significativos rebanhos de galináceos (10.812.369), bovinos (1.059.926), mas também se destaca com ovinos, caprinos, suínos, codornas, equinos e bubalinos.

Sobre o aumento na produção de banana e melão, registrado nos últimos anos, o presidente da Faern disse ainda que a situação é reflexo faz parte de um trabalho conjunto entre produtores, técnicos e instituições de apoio ao agronegócio.

“Através da assistência técnica e gerencial proporcionada pelo Sistema Faern/Senar, os produtores têm acesso a técnicas modernas de cultivo, manejo adequado e controle de pragas e doenças, resultando em maiores rendimentos e melhor qualidade dos produtos”, cita, acrescentando ainda capacitações constantes entre produtores, aumento do interesse internacional em frutas tropicais e clima favorável nos últimos anos.

Sustentabilidade
Os dados apontam para o fortalecimento da agricultura familiar no sentido da agroecologia. O Estado tem 52.292 produtores rurais nesse segmento, categorizados em setores como agricultura, pesca, pecuária, aquicultura, artesanato, extrativismo e turismo rural. Do total, 38.437 são agricultores. Com os dados é possível identificar onde estão lotados os pequenos produtores e atendê-los dentro dos seus territórios.

O levantamento identificou esses produtores em maior número nos municípios de Santa Cruz (1.245), Touros (1.173), Apodi (1.152), Santo Antônio (1.131), Caraúbas (1.033), Serra do Mel (1.002), Mossoró (934), Nova Cruz (883), São Paulo do Potengi (867) e João Câmara (836).

Mona ressalta que é um caminho que ainda está sendo construído, mas ainda não é majoritário e nem 100% fortalecido. “São tendências mundiais que a gente precisa começar a se adequar e que a gente já vem estimulando através dos nossos programas, como algodão agroecológico, a produção orgânica, cadeias mais sustentáveis, como é o caso do camarão, da ostra, que trabalham também olhando essa vertente de sustentabilidade”, diz a gerente do Sebrae RN.

Tendência é de informatização no campo
O Boletim do Agronegócio do RN aponta para a tendência da mecanização e informatização do campo. Entre as novas tecnologias que chegam ao agronegócio em todo o mundo, estão sensores para monitoramento em tempo real do clima, saúde das plantas e controle de pragas; utilização de robôs para tarefas repetitivas ou perigosas, liberando mão de obra para atividades estratégicas; e aplicações de Inteligência Artificial para monitoramento das lavouras, controle de pragas e doenças, previsão de safra e gestão da produção.

A mecanização deve continuar crescendo com tecnologias como drones para pulverização, sistemas de irrigação inteligentes e digitalização que está transformando a cotação e aquisição de insumos. Contudo, Mona explica que ainda existe um distanciamento entre o que é tendência e o que é realidade. “A gente ainda tem uma agricultura familiar pouco mecanizada e, por isso, os esforços, tanto das instituições como o Sebrae, quanto do governo do estado, para inserir e investir mais em mecanização”, declara.

Ela explica que essa tendência de mecanização, tecnologia e inovação esbarra na falta de conectividade no campo, que ainda é desafiadora. “Para pensar em soluções de atender o pequeno produtor rural, precisa entender que nem todos têm uma conexão interessante. Daí, desenhar estratégias para que instituições como o Sebrae, Senar, Emater Secretaria de Agricultura, possam chegar a esse homem do campo”, sugere. Neste sentido, investimentos em inovação e sustentabilidade serão cruciais para garantir a competitividade e resiliência do setor.

Na avaliação de José Vieira, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do RN (Faern), José Vieira, o crescimento do agronegócio é “significativo” e representa um fortalecimento e diversificação do setor agrícola em nossa região.

“Na prática, isso se traduz em mais empregos, maior dinamismo econômico e aumento da competitividade do estado. Diversos fatores têm impulsionado esse aumento. Em primeiro lugar, a assistência técnica e gerencial oferecida pelo Sistema Faern/Senar tem sido crucial. Através de programas de capacitação, qualificação e apoio contínuo aos produtores rurais, temos conseguido melhorar a eficiência e a produtividade das pequenas e médias empresas do setor”, disse Vieira.

Plano Safra
O Plano Safra da Agricultura Familiar 2024/2025 vai destinar R$ 76 bilhões para produtores na próxima safra, segundo o Governo Federal. 43,3% maior do que anunciado na safra 2022/2023 e 6,2% maior do que o da safra passada. Ao todo, serão R$ 85,7 bilhões em ações do Governo Federal para a agricultura familiar, crescimento de 10%.

“Com esses recursos, os produtores podem investir em tecnologias, maquinários, insumos e infraestrutura, aumentando a produtividade e a eficiência de suas operações. O Plano Safra também promove a inclusão social, ao apoiar a agricultura familiar e estimular a geração de empregos no campo. Em resumo, é um instrumento essencial para o desenvolvimento do agronegócio e para a segurança alimentar do país”, finaliza José Vieira.

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