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A economia brasileira deve refletir em 2025 as consequências de duas fontes principais de pressão. De um lado, uma mudança importante no contexto internacional, uma vez que o presidente eleito nos Estados Unidos, Donald Trump, implemente, ainda que em fases, sua agenda econômica. De outro, devem pesar a desconfiança sobre a evolução das contas públicas no âmbito doméstico e a antecipação dos riscos de ano eleitoral em 2026.
Essas fontes de pressão devem resultar em ambiente desafiador para o país, com desaceleração econômica, inflação acima do teto da meta, sustentação dos níveis depreciados do câmbio e política monetária restritiva.
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Do lado externo, Trump deve começar o ano implementando a fase inicial de sua política econômica, baseada em aumento de tarifas sobre produtos importados. Adicionalmente, perseguirá, do ponto de vista fiscal, a extensão da redução de impostos, além da deportação de imigrantes ilegais. O ambiente externo estará propenso à elevada volatilidade, com reflexos imediatos adicionais para preços de ativos como dólar e juros futuros, além dos já observados até o momento.
Assim, os efeitos pelo canal financeiro para a economia brasileira que já estão presentes tendem a se intensificar. Esse ambiente reforçará uma tendência de desaceleração do crescimento global, considerando os desenvolvimentos já esperados para China e União Europeia. Esse contexto tem repercussões para a economia brasileira, evidenciando um ambiente externo mais inóspito ao país em 2025.
Internamente, o Brasil enfrenta uma deterioração das expectativas, diante da dificuldade evidente de equacionamento da questão fiscal, com importantes repercussões para os preços de ativos como câmbio, juros futuros e bolsa. Essa piora do ambiente em termos de confiança e preços de ativos terá efeitos adversos relevantes para a atividade econômica e inflação em 2025 e 2026.
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A aprovação do pacote de corte de gastos, desidratado em relação à versão apresentada pelo governo, não será suficiente para entregar as metas de resultado primário prometidas, de 0% do PIB em 2025 e 0,25% em 2026. Em contexto de desaceleração econômica e juros mais elevados, as projeções da Tendências não mostram estabilização da dívida pública em horizonte de 10 anos, fator fundamental para sustentar o ambiente de apreensão dos agentes econômicos, dada a desconfiança quanto a uma reforma fiscal estrutural no curto prazo.
O cenário para as contas públicas leva em consideração apenas ajustes pequenos no curto prazo, que ajudam a conter a espiral negativa adversa das expectativas sem, entretanto, endereçamento estrutural da dinâmica dos gastos obrigatórios, o que está diretamente ligado à revisão da política do salário mínimo e suas vinculações, gastos mínimos estabelecidos para saúde e educação e à própria rigidez orçamentária.
Nesse contexto, para conter os efeitos adversos para a inflação, já evidentes diante do crescimento da economia acima de seu potencial, o Banco Central terá que perseguir política monetária mais restritiva como contraponto ao ambiente de desconfiança e de política fiscal expansionista, mesmo que em menor grau em relação ao observado em 2023 e 2024.
Assim, o Banco Central deve elevar a Selic a 14,75% em maio de 2025 e mantê-la nesse nível ao longo de todo o ano, com início de ajuste gradual a partir de dezembro, conduzindo a taxa básica a 13% em 2026. Esse cenário pressupõe a continuidade de um Banco Central independente e técnico.
Esse quadro reforça a expectativa de desaceleração da atividade. A economia brasileira deve sustentar certa resiliência no começo de 2025, inclusive, contando com a dinâmica positiva do mercado de trabalho, mas deve entrar em trajetória de desaceleração mais clara a partir de meados do ano e em 2026, captando de maneira mais significativa os efeitos defasados do aperto das condições financeiras e da deterioração da confiança. Dessa forma, a economia deve crescer 1,9% em 2025.
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A inflação, por sua vez, deve continuar elevada, com variação esperada de 4,7%, acima do teto da meta (4,5%). A sustentação da inflação perto de 5% está relacionada a alguns elementos:
- a sustentação do ambiente de desconfiança, que dificulta a ancoragem das expectativas inflacionárias apesar da atuação do BC,
- a expectativa de câmbio em patamares depreciados, pela desconfiança no ambiente doméstico, mas também como resultado da pressão advinda da queda de preços de commodities em dólares e dólar mais fortalecido no exterior e
- a pressão nos preços de alimentos, também devido a questões específicas como o comportamento de preços das carnes.
O cenário apresentado pressupõe a execução de política econômica sob certo pragmatismo, e endereçamento mínimo da questão fiscal, com o objetivo de se ganhar tempo para o encaminhamento de uma inevitável reforma estrutural dos gastos públicos. Caso essa premissa não se mostre verdadeira, teremos o gatilho para um