Presidente do Irã morre aos 63 anos em queda de helicóptero

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O Irã confirmou na madrugada desta segunda-feira (20) a morte do presidente Ebrahim Raisi e de sua comitiva, incluindo o chanceler Hossein Amirabdollahian, após a queda do helicóptero que os transportava de volta ao país depois de uma visita à fronteira com o Azerbaijão. A queda ocorreu em um terreno montanhoso e de difícil acesso.

morte de Raisi foi confirmada em um comunicado nas redes sociais pelo vice-presidente Mohsen Mansouri e também na televisão estatal. “Anuncio cinco dias de luto público e ofereço minhas condolências ao querido povo do Irã”, disse, em um comunicado, Ali Khamenei, líder supremo do país, que poderia ser substituído por Raisi. O funeral começará nesta terça-feira (21).

O aiatolá, que tem a palavra final sobre a política externa e o programa nuclear do Irã, disse que o primeiro vice-presidente, Mohammad Mokhber, vai assumir como presidente interino, segundo a IRNA. A agência estatal de notícias iraniana afirmou também que o vice-ministro das Relações Exteriores Ali Bagheri Kani, negociador do programa nuclear iraniano, foi nomeado ministro interino.

“O presidente do povo iraniano, trabalhador e incansável (…), sacrificou sua vida pela nação”, disse o regime. O acidente ocorre em um momento de crescente descontentamento dentro do Irã por uma série de crises políticas, sociais e econômicas.

Imagens da televisão estatal mostraram destroços espalhados em uma encosta nebulosa, enquanto gravações da IRNA captaram trabalhadores do Crescente Vermelho carregando um corpo coberto em uma maca. Também estavam na aeronave o governador da província de Azerbaijão Oriental, o principal imã da região, o chefe de segurança do presidente e três tripulantes. Ninguém sobreviveu.

As equipes de resgate enfrentaram nevascas e terrenos difíceis durante a noite para chegar aos destroços nas primeiras horas desta segunda-feira. Segundo a IRNA, mais de 20 equipes de resgate equipadas com drones e cães farejadores foram enviadas ao local do acidente, próximo à cidade de Jolfa, a cerca de 600 quilômetros da capital, Teerã.

“Com a descoberta do local do acidente, nenhum sinal de vida foi detectado entre os passageiros do helicóptero”, disse o chefe do Crescente Vermelho iraniano, Pirhossein Kolivand, à TV estatal. Anteriormente, a emissora nacional havia interrompido toda a programação regular para mostrar as orações realizadas por Raisi em todo o país.

No domingo, informações desencontradas aumentaram a preocupação geral com a situação do presidente. O Ministério do Interior iraniano chegou a afirmar que a aeronave fez um “pouso difícil“. A mídia estatal do país disse que o helicóptero havia sido localizado, porém o Crescente Vermelho, braço da Cruz Vermelha em países de maioria muçulmana, negou.

Três helicópteros transportavam a comitiva presidencial. Dois deles aterrissaram sem problemas em Tabriz, noroeste do Irã, menos o que transportava Raisi. O presidente havia viajado para inaugurar uma barragem ao lado de seu homólogo azerbaijano, Ilham Aliev.

A busca foi acompanhada pela comunidade internacional, dada a relevância do Irã no Oriente Médio, região abalada pelo conflito entre Israel e o Hamas, um aliado de Teerã. Arábia Saudita, Qatar, Emirados Árabes e Kuwait ofereceram ajuda nas buscas, assim como Síria e Iraque. A Turquia enviou 32 socorristas e seis veículos para participar do resgate, e o Hamas expressou “total solidariedade” ao Irã.

Raisi, acusado pela execução de milhares de dissidentes nos anos 1980, foi responsável por agravar a instabilidade política e econômica do país desde a sua eleição em 2021. Ele sucedeu o moderado Hassan Rouhani, que o havia derrotado nas eleições presidenciais de 2017 e que, após dois mandatos consecutivos, não pôde concorrer novamente.

Sua morte aumenta a incerteza em relação ao futuro do país. O jurista de 63 anos era um dos possíveis sucessores do aiatolá Ali Khamenei. A substituição do líder supremo, de 85 anos e saúde frágil, é uma das grandes preocupações imediatas e pode ficar ainda mais complexa agora.

O primeiro vice-presidente, Mohammad Mokhber, deve assumir o comando do país, neste momento, até a realização de novas eleições, em um prazo de 50 dias.

O governo iraniano garantiu em comunicado que a morte do presidente não vai impactar a república Islâmica. “O trabalhador e incansável presidente do povo iraniano sacrificou a sua vida pela nação”, afirmou o governo. “Garantimos à nação leal que, com a ajuda de Deus e o apoio do povo, não haverá a menor perturbação na administração do país”.

*com Reuters e AFP

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