Pressão sobre presidente da Petrobras aumenta no governo

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A fritura do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, se intensificou no governo. Embora nenhuma decisão concreta esteja tomada, de acordo com o relato de fontes, o chefe da estatal foi questionado abertamente hoje pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, enquanto nos bastidores fontes colocavam nomes de possíveis alternativas a Prates.

Este conteúdo foi enviado para os assinantes corporativos do JOTA PRO Poder e JOTA PRO Energia na noite de quarta-feira (3/4), às 20h

Para além da tentativa de controle da petrolífera por ministros políticos como Silveira e o chefe da Casa Civil, Rui Costa, a situação do atual comandante da empresa está complicada também com o presidente Lula. Interlocutores do governo apontam que, a despeito do conhecimento técnico, Prates não construiu um caminho direto com o presidente da República.

Nesse contexto, está ficando mais claro que sua sobrevivência no cargo vai depender de ele conseguir pavimentar uma relação mais pessoal e próxima com Lula. Esse caminho, porém, não é mais tão trivial de ser construído, pois o próprio chefe do Planalto não estaria mais disfarçando sua irritação com Prates.

Não está muito claro, porém, o motivo de Lula estar tão incomodado com Prates. Temas como o ritmo de crescimento dos investimentos da empresa estariam na lista de reclamações, além de uma postura de isolamento das decisões executivas da empresa em relação a Lula.

Um exemplo disso foi a questão dos dividendos retidos pela empresa no mês passado. Enquanto a dupla Silveira e Costa foi diretamente a Lula pressionar e negociar pela retenção, Prates não antecipou seu posicionamento ao presidente — em uma demonstração de que estaria mais preocupado em mostrar uma autonomia da empresa em relação à política.

A aliança entre os titulares da Casa Civil e de Minas e Energia tem em comum a proximidade com o empresário Carlos Suarez, que opera no segmento de gás. Além disso, Costa hoje foi alvejado pelo surgimento de uma denúncia sobre compras de respiradores para a Covid na época em que foi governador da Bahia, o que reforça também o interesse em tentar virar o rumo do noticiário.

Independentemente da motivação, a ala opositora a Prates em Brasília discute nomes para sucedê-lo. Nesta quarta-feira (3), voltaram a circular entre fontes do governo e da Petrobras alternativas como o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante; a secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior; e a ex-presidente da Caixa, Clarice Coppetti.

Em um cenário menos citado, o nome do secretário especial de Análise Governamental da Casa Civil, Bruno Moretti, também é comentado por fontes — lembrando que ele já integra o Conselho de Administração da companhia.

A fritura de Prates ainda pode respingar no ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que se alinhou a ele na defesa de uma distribuição de metade dos dividendos extraordinários da companhia, posição derrotada no conselho da estatal. Após esse movimento, Haddad ganhou um assento no conselho, tendo maior influência nas discussões estratégicas dela.

Porém, caso o titular da estatal não consiga se segurar na função por pressões políticas evidentes, o estrago no mercado financeiro pode ser grande, respingando na imagem da política econômica, como já ocorreu no episódio dos dividendos.

Apesar de a Petrobras já ter uma postura mais intervencionista no governo Lula, claramente o chefe do Planalto quer mais e quer testar os limites do mercado sobre isso. A reação dos investidores após a retenção dos dividendos assustou Lula. Mesmo assim, ele quer que Prates faça mais do que tem feito em termos de alinhamento da estatal com o Planalto. E é desse jogo que depende o destino de Prates e da empresa nos próximos anos.

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