Projeto estuda viabilidade de crédito de carbono no Cerrado baiano

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A sustentabilidade no campo é um tema cada vez mais discutido na agricultura e alinhar boas práticas ambientais com a alta produção agrícola pode gerar custos adicionais. No entanto, alternativas testadas, como a viabilidade para crédito de carbono em propriedades rurais, estão se mostrando eficazes e podem se tornar ativos ambientais valiosos para os produtores.

Um exemplo é um projeto piloto em andamento em sete fazendas no Cerrado do Oeste baiano, que abrange uma área total de 4,2 mil hectares de mata conservada.

O trabalho de instalação dos equipamentos exige cuidado dos engenheiros ambientais que precisam entrar nas matas preservadas.

A tecnologia empregada, consiste na instalação de dendrômetros digitais, responsáveis pelo monitoramento da vegetação nativa de Cerrado.

“Esse aparelho a gente chama de dendrômetro digital, visa semiautomatizar o processo de inventário florestal. Então, ao invés de você ter que vir para campo com uma equipe para fazer a coleta de dados de forma manual, esse aparelho serve para que a gente automatize esse processo.”, explica o engenheiro ambiental, Guilherme Suarez.

De acordo com os engenheiros, uma vez que ele está instalado na planta, mede diariamente o diâmetro e estima a altura dessas árvores, facilitantando e automatizando o processo de inventário.

Projeto piloto

Os aparelhos fazem parte da primeira etapa de um projeto piloto de crédito de carbono em áreas conservadas de propriedades rurais. O local escolhido foi uma das regiões de maior produtividade agrícola do país, o Matopiba.

Suarez explica ainda que os dados são transmitidos via bluetooth, e para isso, é necessário que uma pessoa fique próxima a floresta e dentro do próprio veículo com um tablet e uma antena, consegue coletar os dados armazenados pelo sensor.

De acordo com a legislação brasileira, no Cerrado baiano, 20% das áreas de propriedades rurais devem ser preservadas com cobertura de vegetação nativa. Percentual que muda de acordo com o bioma.

A também engenheira ambiental, Thayane Carvalho, conta que esta é uma maneira de incentivar produtores a manterem e preservarem essas áreas.

Foto: Maiara Luz/Canal Rural BA

“O projeto de carbono nas Áreas de Reserva Legal e de Preservação Permanente, são importantes porque geram um retorno financeiro para esse produtor por essas áreas preservadas. Além disso, eles são incentivados a cuidarem mais dessas áreas, a preservarem e a mantê-las bem cuidadas”, conta a profissional.

Numa das fazendas participantes em Luis Eduardo Magalhães, foram instalados dendrômetros em 30 árvores.

Ao todo, são mil em áreas de vegetação nativa do Cerrado, em 7 fazendas no Oeste da Bahia. Uma área total de mais de 4 mil hectares, em Reserva Legal e Preservação Permanente.

O Jarbas Bergamaschi, produtor rural, acredita que futuramente projetos como esse poderão ajudar a mensurar também o sequestro de carbono das lavouras.

“Eles estão fazendo esse levantamento, esse estudo, e com isso eles vão ter um número e vai mostrar pra nós depois quanto que isso aí gera de sequestro. (…) Eu digo assim, não só na área de Reserva Legal e tal, talvez na área produtiva também pode ter uma viabilidade de estudo que também pode mostrar que a gente sequestra carbono também nas áreas produtivas, nas culturas de milho, soja, algodão”, disse Bergamaschi.

Ativo ambiental

A proposta tem como objetivo, criar condições para fazer da floresta em pé, um ativo ambiental valioso para a geração de créditos em projetos de carbono além de outros mecanismos de pagamento por serviços ambientais.

O projeto piloto é uma parceria da Land Innovation Fund (Lif), com a GSS Carbono e Bioinovação e Treevia.

Luiz Henrique Varzinczak, consultor de Projetos de Carbono – GSS Carbono e Bioinovação explica que na segunda fase, uma estimativa vai possibilitar o registro desse projeto para emissão de crédito de carbono para o produtor que está participando da nossa atividade junto à árvore carbônica.

“Esse é um ponto muito importante, que é muito recente e vale a pena que todo mundo saiba que hoje qualquer produtor pode gerar, sim, seu crédito de carbono, dependendo do tamanho da sua propriedade e dos remanescentes de vegetação nativa”, pontua o consultor.

Em meio a um cenário cada vez mais preocupante com mudanças climáticas, essa mensuração, e incentivo à práticas sustentáveis nas lavouras, podem colaborar para diminuir os impactos ao meio ambiente.

Esthevan Gasparotto, sócio diretor da Treevia, conta que as informações coletadas podem ajudar no cruzamento de dados para entender mudanças que impactam as florestas e consequentemente cidades e campos.

“Ao passo que a gente pode, por meio de uma solução como essa, monitorar o desenvolvimento da floresta de maneira dinâmica, a gente consegue também cruzar os dados climatológicos, dados de temperatura, umidade, precipitação, entender como as mudanças climáticas impactam no crescimento florestal. Isso dentro da ciência florestal tem inclusive um nome, a gente chama muitas vezes de dendrocronologia.”, conclui.

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