Próximos prefeitos do RS terão de lidar com prejuízos bilionários da agropecuária

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Fotos: Canal Rural

O Rio Grande do Sul é o terceiro maior estado do Brasil em número de municípios, com 497. Desses, as enchentes de maio afetaram 478. De acordo com a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), o prejuízo no estado foi superior a R$ 13 bilhões.

O maior impacto está no setor habitacional, com perdas de quase 114 mil casas. Já na agropecuária, a baixa estimada é de quase R$ 6 bilhões. Esses números mostram os desafios dos prefeitos que serão escolhidos pela população a partir de 6 de outubro. Para mostrar esse cenário, a série Eleições 2024 do Canal Rural traz um retrato das adversidades enfrentadas por agropecuaristas do país.

Produção leiteira em risco

Produtores em Arroio do Meio, no Vale do Taquari, Arceli e Dorival Junkeen já sofreram três enchentes de setembro para cá. No período, venderam 30 vacas para diminuir o custo. Assim, a produção de leite caiu pela metade.

“Já vendemos para o açougue, não para leite. A previsão é de que a gente ainda vai ter que se desfazer de mais vacas por causa do pasto, porque não temos pasto suficiente. Já plantamos milho, ele já está nascido, está alto […]. Mas até que [possamos] fazer silagem, ainda vai demorar três meses, o que é bastante”, relata Arceli.

Um dos maiores problemas do setor leiteiro do Rio Grande do Sul, o quarto segmento de maior Produto Interno Bruto (PIB) do estado é, justamente, a falta de alimento para as criações.

Na propriedade dos Junkeen, a silagem foi toda perdida: uma parte ficou na lavoura e não há como plantar em mais da metade da área. “Eu não tenho muita esperança que vai melhorar de um ano para o outro, de repente só daqui a mais doi anos para a gente recuperar [e chegar no ponto] onde nós estávamos […]. Tem muito custo para manter as vacas hoje e para plantar”, diz Dorival.

Desafios aos próximos prefeitos

Foto: Agência Brasil

Um dos maiores desafios para as próximas gestões municipais está no Vale do Taquari. A região é formada por 36 municípios, todos eles afetados pelas enchentes e que têm como base de suas arrecadações a agropecuária.

Em Estrela, por exemplo, esse volume corresponde a 40%. Em Roca Sales, a 45% e em Arroio do Meio, a 14%, mas, quando somado à indústria, alcança 79%.

De norte a sul do estado, as lavouras de grãos, proteínas, tabaco, silvicultura, olivas, nozes e frutas somaram mais de R$ 98 bilhões no Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) de 2023.

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apenas 47,5% dos prefeitos concorrem à reeleição, o que pode ser explicado por dois motivos: por já estarem no segundo mandato ou pelo desânimo de seguir no cargo.

Para o presidente do Sindicato Rural de Roca Sales, Gilmar Bernstein, as perdas da agropecuária do estado devem fazer a arrecadação dos municípios despencarem.

Os desafios dos próximos quatro anos passam pela recomposição de estradas e pela logística, visto que muitas regiões do Rio Grande do Sul ainda estão com pontes provisórias feitas pelo exército ou pela comunidade, mas que não suportam cargas pesadas.

A reconstrução de estruturas de produção e dos solos também podem ser determinantes para manter ou não os produtores na atividade, especialmente em regiões afetadas diretamente pela enchente.

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