Quebra de recordes de calor pode afetar todos os sistemas de produção do Brasil e do mundo

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Março é o décimo mês consecutivo de recorde de temperatura média da superfície global, segundo o relatório do Serviço Climático Copernicus (C3S), um órgão ligado à agência de meteorologia da Europa. A média chegou a 14,4 °C na Terra em março de 2024, 0,73 °C acima da média do período que vai de 1991 a 2020 e acima do recorde de 2016.

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“Olhando para todos os meses, sem nos focarmos só em março, estamos com 1,58 °C acima dos níveis pré-industriais. Nem o enfraquecimento do El Niño conseguiu diminuir as temperaturas”, afirma o meteorologista do Canal Rural, Arthur Müller.

“Março de 2024 continua a sequência de quebra de recordes climáticos tanto para a temperatura do ar, como para as temperaturas da superfície do oceano”, comenta a diretora-adjunta do Copernicus, Samantha Burgess.

Segundo ela, para inibir um maior aquecimento, ações rápidas visando à redução das emissões de gases de efeito de estufa se faz urgente. Não podemos esquecer que 2023 já foi o ano mais quente da história e estamos caminhando para um 2024 semelhante.

“Este é o tipo de quebra de recorde que não queremos passar, e vai alterar a mudança dos cultivos, o derretimento das geleiras, (provocar) alteração dos fluxos de vento e umidade na atmosfera. É um transtorno geral que afeta os sistemas de produção”, diz Müller.

Já vivenciamos isso nesta safra no Brasil com perdas de até 4 milhões de toneladas na soja do Paraná por conta das intempéries.

As mudanças climáticas estão tão evidentes pelo globo que na Europa, pela primeira vez, um tribunal condenou o governo da Suíça por não agir diante do aquecimento global, que coloca em risco os seus cidadãos.

“Uma associação de idosas suíças alegou que o governo colocou em risco a saúde delas durante a última onda de calor que o país enfrentou em meados de 2023”, diz Müller.

Os juízes determinaram como sentença que a Suíça cumpra uma série de medidas para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. O governo disse que vai seguir com o que foi determinado.

“Os cientistas estão simplesmente há 150 anos alertando sobre os danos das emissões de gases de efeito estufa na Terra. Demorou para chegarmos até aqui e vai demorar também reverter este processo da Terra, que age como uma força da natureza”, afirma ele.

Para este ano, as chuvas de monções que ocorrem no oceano Índico e no Sudeste Asiático podem ser mais intensas do que nunca, em decorrência das mudanças do clima. E a temporada de furacões no Atlântico preocupa os norte-americanos, já que as águas aquecidas do oceano são combustível para os sistemas.

“A atmosfera é uma máquina térmica e, se ela está desregulada, nós vamos sentir os efeitos colaterais deste aumento de calor”, diz Müller.

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