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Um exemplo de fé para os jovens

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No dia de Todos os Santos de 2006, o Papa Bento XVI afirmou que “o exemplo dos santos” convida os católicos a seguir “seus passos”. A Igreja tem filhos obstinados e rebeldes, mas nos santos podemos encontrar comportamentos característicos da fé e experimentarmos a alegria mais profunda”.

Santa Bárbara as virtudes inspiradoras para os jovens

Crédito: ZZ3701 / GettyImages

“Olhando o luminoso exemplo dos santos, desperta em nós o desejo da santidade”, nos ensina esse tão querido Papa, que perguntou então: “O que é santidade?”. Ele mesmo respondeu: “Para ser santo, não faz falta cumprir ações e obras extraordinárias, nem possuir dons excepcionais”, mas “é necessário simplesmente servir a Jesus, escutá-Lo e segui-Lo sem perder o ânimo diante da dificuldade”.

Ele segue explicando que, no entanto, a vida está repleta de dificuldades e obstáculos que podem fazer desanimar o cristão na sua caminhada. Mas o Papa Bento reforça que, para nos ajudar a superar as dificuldades, “o exemplo dos santos estimula a seguir seus passos, a experimentar a alegria de quem acredita em Deus, pois a única causa verdadeira de tristeza e infelicidade para o homem é viver longe dele. O esforço e a alegria produzida pelo caminho da santidade não deve nos levar a acreditar que somos “superiores aos outros. Pelo contrário, a consciência dessa escolha (…) deve criar sentimentos de humildade e de vivo reconhecimento”.

A história inspiradora de Santa Bárbara

Quanto vale aos jovens de hoje olhar o exemplo de santos que, no auge de sua juventude, souberam lidar com os obstáculos da vida e dar respostas surpreendentes? Para isso, é bom começar pela biografia deles. Olhando mais de perto a história de vida de Santa Bárbara, podemos perceber as virtudes tão necessárias para enfrentar os desafios da vida, em especial nessa fase da vida.

Santa Bárbara nasceu na cidade de Nicomédia, na região da Bitínia, onde hoje se localiza a cidade de Izmit, na Turquia, às margens do Mar de Mármara. Bárbara viveu no final do século III. Foi uma bela jovem, filha única de Dióscoro, um rico e nobre morador de Nicomédia.

A sociedade do tempo dela estava muito corrompida e, por isso, seu pai não queria deixá-la entrar em contato com essa sociedade e resolve fechá-la numa torre onde era ensinada por tutores de confiança do pai. Qualquer semelhança com fatos reais não é mera coincidência: pais sem saber como lidar e educar em meio à corrupção da sociedade.

Muito se vê, hoje em dia, conselhos para os pais de como lidar com a educação dos filhos nesse mundo e seus desafios. Mas a vida de Santa Bárbara fala direto ao coração dos jovens, das possibilidades de evolução e descoberta em meio a grandes dificuldades. Aquilo que parecia um castigo, começou a abrir a mente de Bárbara.

Entre a torre e o Céu

Do alto da torre, ela contemplou a natureza: as estações do ano, a chuva, o sol, a neve, o frio, o calor, as aves, os animais etc. Tudo isso fez Bárbara questionar se aquilo era realmente criação dos “deuses”, como seus tutores e seu povo acreditavam, ou se havia “alguém” muito mais inteligente e poderoso por trás da criação. Bárbara não se deteve apenas na dificuldade, no aparente castigo, mas conseguiu ver além e encontrar um sentido profundo, e ainda algo muito importante para os jovens: ela não ficou na superficialidade dos fatos e dos seus questionamentos. Ela mergulhou em contemplação nessas questões e situações.

Quando atingiu a idade para o casamento, por volta de 17 anos, seu pai a trouxe para casa e permitia que ela recebesse a visita de pretendentes, mas não permitia que ela visitasse a cidade, porque era muito bonita e rica. Então, havia muitos pretendentes interesseiros. Mas Bárbara não aceitava nenhum, enxergando neles a superficialidade e o interesse, e nenhum toque de amor verdadeiro. Numa idade em que pode ser fácil se deixar levar por carência e aparências, ela soube confrontar as próprias motivações e as de quem queria se relacionar com ela.

Mas, segundo os costumes da época, o pai teria a obrigação de casar a filha o quanto antes. Dióscoro pensava que as “desfeitas” da filha diante dos pretendentes se davam por causa do tempo em que ela passou na torre. Então, ele decidiu permitir que Bárbara conhecesse a cidade.

A conversão de Santa Bárbara: encontrando a Verdade em Cristo

Você pode pensar que ela, finalmente, teve a oportunidade para se corromper, mas ela estava à procura daquele alguém Superior que ela começou a vislumbrar na contemplação da natureza e nos questionamentos mais profundos do seu interior. Os jovens precisam crescer em interioridade, só assim vão encontrar-se com a Verdade que é Nosso Senhor Jesus Cristo! Santa Bárbara, então, começou a frequentar a cidade.

Nessas visitas, acabou conhecendo os cristãos de Nicomédia. Estes passaram para Bárbara a mensagem de Jesus Cristo. Falaram-lhe também sobre o mistério da Santíssima Trindade. A novidade cristã tocou profundamente o coração de Bárbara. Com eles, ela encontrou a resposta para seus questionamentos: o Criador de tudo era o Deus Único e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, e não os deuses que seu povo cultuava.

A santidade em meio à adversidade

Bárbara se converteu ao cristianismo de todo coração. Logo, um padre vindo de Alexandria ministrou a ela o batismo. E Bárbara passou a ser uma jovem fervorosa e cheia de virtudes cristãs. Em Jesus Cristo, ela encontrou o sentido mais profundo de sua vida.

O fim dessa história pode parecer trágico. O pai de Bárbara, furioso com sua nova fé e convicções, denuciou-a ao prefeito, que a condenou à tortura pública para que negue sua fé. Ela teve os seios cortados, depois foi entregue a seu pai, que a degolou. Porém, para surpresa de todos, Santa Bárbara não renegou sua fé, mesmo diante dos mais atrozes sofrimentos. Ela, mesmo tão jovem, entendeu o sentido da vida, o valor da vida eterna, e é venerada até os dias de hoje.

Edvânia Duarte Eleutério – Missionária da Comunidade Canção Nova desde 1997, é formadora de namorados e casais, entre outras funções. Possui especialização em gestão de pessoas, counseling e bioética. Autora do livro ‘Por que (não) eu?