Seguindo Carrefour, outro grupo francês amplia boicote à carne do Mercosul

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O grupo varejista francês Les Mousquetaires anunciou, nesta quinta-feira (21), que deixará de comercializar carne proveniente dos países do Mercosul. A decisão segue anúncio anterior do Carrefour da França, que declarou boicote às proteínas animais originárias do bloco sul-americano.

Em publicação nas redes sociais, CEO do grupo, Thierry Cotillard, afirmou que as redes do Les Mousquetaires se comprometem a não comercializar o produto sul-americano. Ele disse que a medida visa a soberania alimentar e apoia os agricultores franceses.

Cotillard ainda pediu uma mobilização coletiva. “Faço um apelo às indústrias para que demonstrem o mesmo nível de comprometimento e transparência quanto à origem da matéria-prima utilizada”.

De acordo com ele, o boicote deve ser aplicado também aos produtos que são utilizados para fabricação de itens de marca própria.

Operando na França e outros países da Europa, como Portugal, o grupo – cujo nome significa “os mosqueteiros” – trabalha com redes como Intermarché e Netto.

Pressão contra acordo Mercosul-UE

A decisão tomada pelo Les Mousquetaires amplia a pressão contra o acordo de livre-comércio entre União Europeia e Mercosul, previsto para ser assinado em dezembro.

Ao mesmo tempo, agricultores franceses intensificam os protestos contra a entrada de produtos agrícolas importados, alegando normas desiguais em relação às aplicadas na França. A mobilização incluiu bloqueios em portos e manifestações em diversas regiões do país.

No Brasil, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, sugeriu que o Carrefour também deixasse de receber carnes no mercado brasileiro, endossando posicionamentos de entidades do setor produtivo. “Se não serve ao francês, não vai servir aos brasileiros. Então, que não se forneça carne nem para o mercado desta marca aqui no Brasil”, declarou Fávaro, durante evento em Brasília.

Na quarta-feira (20), o CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, afirmou que a rede não comercializará carnes do Mercosul nas suas operações na França, independentemente de preços ou volumes ofertados. Apesar disso, o Grupo Carrefour Brasil afirmou que as operações locais não serão afetadas pela medida.

Em nota divulgada nesta quinta-feira (21), seis entidades do agronegócio brasileiro repudiaram a decisão do Carrefour. As organizações afirmaram que, se as carnes do Mercosul “não servem para o mercado francês”, não deveriam ser comercializadas em outros países atendidos pela rede varejista.

O cenário adiciona tensões ao diálogo sobre o acordo Mercosul-União Europeia, ao mesmo tempo em que reforça debates sobre sustentabilidade, competitividade e barreiras comerciais no setor agropecuário global.

*com informações do Estadão Conteúdo

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