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Crianças e adolescentes atendidos pela rede intersetorial de Jucutuquara, acompanhados dos trabalhadores do Sistema Único de Assistência Social (Suas) e de profissionais da rede de ensino municipal das escolas da região, ocuparam a praça central do bairro. Juntos eles chamaram a atenção de motoristas e pedestres num convite para entrarem na luta contra o abuso e à exploração sexual infantil. A ação foi realizada por meio da Gerência de Convivência e Fortalecimento de Vínculos da Secretaria de Assistência Social de Vitória (Semas).
Com panfletos nas mãos, faixas e cartazes, o grupo abordou quem passava pelas avenidas Vitória e Paulino Muller. A cada abrir e fechar dos semáforos, as crianças e adolescentes corriam para montar o jardim de gérberas, colorindo a praça nos tons amarelo e branco. A gérbera é a flor símbolo do Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Infantil.
Para embalar a atividade, o grupo de percussão do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) do Romão deu um show de ritmo e alegria. A poucos quilômetros da praça de Jucutuquara, na Casa do Cidadão, em Maruípe, outro grupo de crianças e adolescentes, desta vez, dos Centros de Convivência Andorinhas, Bonfim, Solon Borges e Romão, ladeadas pelas equipes que atuam nesses espaços, mostraram em forma de verso, ritmo, no gingado da capoeira e com imenso jardim de gérberas faziam alerta para o problema e encorajavam o público para que casos suspeitos fossem denunciados.
Representatividade
O educador social Magno Encarnação fez questão de explicar a representatividade das mais de 1000 flores de gérbera e da grande maquete montada na área externa da Casa do Cidadão, resultado de dois meses de atividades com as crianças, adolescentes e grupos de idosos, onde a temática estava no foco das reflexões e abordagens.
“A gérbera é uma flor que representa resistência. Ao recortar cada pedaço de papel para montagem das flores íamos falando sobre a importância da data. Ao longo do tempo, percebemos que as crianças e adolescentes entenderam que essa flor é resistência que a menina Araceli precisava, a força que precisava para denunciar”, comentou ele.
Segundo Magno, a exposição é uma demonstração de que as crianças e adolescentes precisam florescer, que precisamos propagar cada vez mais as formas de denúncia. “Criança tem que brincar, ir à escola, ir ao parque, ir aos Centros de Convivência. Criança e adolescente precisam ser cuidadas e ser protegidas”, complementou ele.
Exposição
A exposição atraiu várias pessoas que circulavam pela Casa do Cidadão, nesta terça-feira (14). Uma delas foi Fabiana Vieira de Oliveira, de 41 anos, que apreciava cada detalhe da exposição e apresentações culturais com emoção. “É muito importante esse tipo de ação. A criança não pode ter um olhar triste. As crianças e adolescentes precisam ter perspectiva de vida, perspectiva de que vão florescer e vão se transformar também na busca do melhor para o outro”, disse Fabiana.
Um dos momentos mais emocionantes da exposição foi quando crianças e adolescentes, acompanhados do facilitador de oficina de capoeira Brayan Matias, cantaram juntos a música escrita por ele. Ritmada pelo berimbau, a canção é alusiva à história por trás da criação do Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Infantil, e fala sobre a urgência da união da sociedade no combate à violência e exploração sexual infanto-juvenil. Visivelmente emocionado, ele contou que chorou muito enquanto compunha, afirmando: “esse é um tema forte muito forte. E a música nasceu de dentro, de muito sentimento. Cantá-la hoje trouxe uma sensação única”.
Acompanhando toda a movimentação dos trabalhadores do Suas e Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan) que atuam na Semas, a secretária da pasta, Cintya Schulz, enfatizou que essa tem de ser uma luta coletiva, de toda a sociedade. “Não existirá futuro, caso não seja garantido o presente para essas crianças e adolescentes”, frisou ela. Cintya acrescentou que precisamos estar atentos a nossas crianças e adolescentes e denunciar, em caso de indícios de violência. Calar-se não pode ser uma opção!”, reforçou ela.
Até o dia 18 de maio todos os serviços da rede socioassistencial de Vitória estarão ainda mais focados e com ações de mobilização intensas em favor da proteção e defesa dos direitos de crianças e adolescentes.
Araceli
A data foi escolhida porque, em 1973, Araceli, então com 8 anos, moradora de Vitória, foi sequestrada, violentada e cruelmente assassinada. Seu corpo apareceu seis dias depois, carbonizado e os seus agressores nunca foram punidos.
Com a repercussão do caso, e forte mobilização do movimento em defesa dos direitos das crianças e adolescentes, 18 de maio foi instituído pela Lei nº 9.970/2.000, como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Desde então, esse se tornou o dia para que a população brasileira se una e se manifeste contra esse tipo de violência.