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Cresci ouvindo histórias da Amazônia. Meus pais, biólogos, lá trabalhavam. Muitas delas eram sobre os povos originários, suas crenças e o folclore amazônico. Essas histórias alimentaram um sonho de infância: visitar uma aldeia indígena. A vida acabou por tomar outros rumos, me levou para o Cerrado onde me tornei fotógrafo e produtor cultural. O tal sonho ficou na prateleira e parecia algo distante da minha realidade. Até julho de 2023.

Naquele mês, o Cacique Raoni, aos 93 anos e com uma vida dedicada à luta pelos direitos indígenas, proferiu um chamado em Piaraçu, uma aldeia Mebêngôkre (Kayapó) às margens do rio Xingu, no norte de Mato Grosso. O encontro tinha um propósito: unir, durante quatro dias, indígenas de todo o Brasil para discutir mudanças climáticas e fortalecer alianças com a comunidade internacional e autoridades governamentais. Assim como mais de 800 pessoas, nós, do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), atendemos ao chamado. 

Tive o privilégio de estar entre os poucos não indígenas convidados a presenciar os debates nos três dias reservados aos povos originários. Diante dessa oportunidade, nasceu a ideia de criar um mini documentário realizado no âmbito do Amazoniar, um projeto do IPAM que comunica a ciência da região para além de suas fronteiras. No início, o objetivo era simples: registrar momentos chaves do evento, entrevistar algumas pessoas e criar uma homenagem para o Cacique. Só não tínhamos ideia de como isso iria crescer.

A primeira vez que avistei o Cacique Raoni, ele estava sentado, sem muita cerimônia, e cercado de outras lideranças Mebêngôkre. Muitos ao redor se revezavam para falar com o chefe, ainda sem o agito do início do evento. Respeitando a ordem dos anciãos, esperamos nossa vez para cumprimentar o anfitrião que nos acolheu com muita atenção. Ali, foi estabelecida a altura da barra que tínhamos que corresponder: a da escuta.

Visitar qualquer região da Amazônia é sempre um exercício de humildade. Seja pela sua exuberância ou por suas gentes. Durante os dias em Piaraçu, pude sentir a força da ancestralidade. É palpável a reverência empática com as forças naturais, os elementos que nos integram a um vasto organismo vivo que é o planeta Terra e onde tudo é fonte de sabedoria. Algo que muitos do mundo acelerado parecem ter esquecido. Ouvir as vozes desses povos é como ouvir um coro milenar que sabe que ainda tem um futuro para preservar.

Desse coro, ouvimos, não apenas Kayapós, mas Terenas, Guaranis-Kaiowás, Mundurukus, Pataxós, Suyás, Yanomamis e muitos outros. Cada um com suas particularidades, regiões, culturas, línguas e visões, porém todos empenhados neste grande encontro. Nos contaram de suas preocupações sobre a transmissão de conhecimento, em manter seus costumes vivos e passar o bastão da luta para a próxima geração de jovens lideranças. Com conhecimento, sabedoria e ciência para ouvir da natureza os sinais de mudanças de seus processos naturais.

Nessa experiência, algo ficou muito claro: a relação íntima que os povos originários mantêm com seus territórios os elege como os mais capazes de se adaptarem às mudanças climáticas. E isso é um consenso entre eles. A melhor parte é que eles estão alertando o mundo sobre o que está acontecendo e estão dispostos a contribuir com a solução.

Contudo, para que possam oferecer essa contribuição à humanidade, precisam que seus direitos sejam assegurados e seus territórios e tradições sejam protegidos. Somente assim, através de seu modo de vida, poderão contribuir ainda mais para o equilíbrio climático global. 

Com todos os aprendizados colhidos durante o encontro em Piaraçu, enxergamos a oportunidade de ampliar o alcance das mensagens dos povos e, a partir daí, nosso desafio de documentar dobrou de tamanho. Rapidamente, ficou claro que nosso papel era servir como “megafone”. 

Convidamos lideranças e representantes de povos indígenas a falar e chamar a todos a lutar por seus direitos e, por conseguinte, pelo equilíbrio climático mundial.

Foi preciso iniciar um “(re)contato” com quem já havíamos conversado e uma convocação de cinegrafistas indígenas para contribuir com imagens de seus territórios, para garantir que tivessem a representatividade de seus desafios particulares.

Assim, nosso documentário foi presenteado com contribuições de 15 cinegrafistas. Artistas musicais indígenas contribuíram com a trilha sonora, o que deu o tom do filme para transmitir o sentimento que estava presente na aldeia. Todas essas contribuições, com adição a um talentoso time de produção, tornou possível cumprir e expandir o objetivo.

O resultado é o minidocumentário O Chamado do Cacique: Herança, Terra e Futuro, lançado em 23 de abril na Caixa Cultural de Brasília. É uma celebração ao legado transcendente do Cacique Raoni, cuja vida de quase um século tem inspirado e unificado inúmeras pessoas na defesa dos direitos dos povos indígenas. Sua luta, enraizada tanto na sabedoria dos seus antepassados quanto na que ele passa para as novas gerações, constitui uma contribuição histórica e duradoura que irá muito além de seu tempo.

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